Como produzir animais com 20 arrobas aos 20 meses?

Médico veterinário Leonardo Souza, diretor do programa de melhoramento Nelore Qualitas, afirma que apenas animais abatidos aos 24 meses ou menos estão dando retorno financeiro aos produtores

Qual o real impacto que o aumento do ganho de peso médio diário tem na produção de arrobas por hectare ao ano? Em palestra realizada em junho durante a  Beef Expo, evento ocorrido em São Paulo-SP, o médico veterinário e diretor do programa de melhoramento Nelore Qualitas, Leonardo Souza, quantificou o índice para mostrar a importância do foco no GMD para o resultado financeiro da propriedade.

Em sua apresentação, intitulada “O que acontece quando colocamos a melhor genética na mão dos melhores produtores? – Produzindo o Boi 20:20”, Souza forneceu detalhes do sistema de produção que tem como orientação a terminação de um bovino com 20 arrobas aos 20 meses de idade, mas ponderou sobre o peso final.

“O mais importante é emprenhar as novilhas com 14 meses e abater os animais até os 20 meses de idade, não necessariamente com 20 arrobas. Abatendo acima de 16 arrobas, os pecuaristas estão ganhando R$ 500 reais por hectare hoje,  com o preço da arroba de hoje. Esta é a diferença”, sintetizou o diretor do Qualitas.

Para alcançar esta meta, Leonardo Souza sugeriu mais investimentos para elevar o ganho de peso médio ao dia. “Qual é o maior problema da pecuária brasileira? É ganho de peso. Não tem conversa, o que manda no negócio é ganho de peso, é o que paga a conta. O Inttegra tem um trabalho que diz que a cada 100 gramas que aumenta no ganho de peso (diário) dos animais, aumenta R$ 200 no lucro por hectare”, informou.

Em sua palestra, que pode ser vista no vídeo acima, Souza lamentou o alto volume de animais abatidos com 42 meses ou mais. 34% do gado abatido no Brasil hoje estão nesta faixa etária, sendo que, destes, 14% têm 48 meses ou mais, como mostra o gráfico abaixo. “Esse ano só quem está abatendo animais de 20 a 24 meses, ou menos, é que está realmente ganhando dinheiro”, contou o diretor do programa Qualitas.

Leonardo apresentou também uma nova tecnologia que pode trazer ganhos significativos à reprodução bovina no Brasil, o ultrassom colorido, ou doppler. “A partir do uso deste sistema, em 48 dias o criador consegue inseminar três vezes a mesma fêmea. Vai mudar a cara da pecuária brasileira”, previu Souza, afirmando que com o procedimento é possível detectar gestação 22 dias após a inseminação e inseminar novamente 24 dias após a primeira inseminação. “É um pré-requisito para que o sistema 20:20 funcione bem”, apontou o veterinário, referindo-se ao bom aproveitamento da estação reprodutiva dentro da porteira.

Veja mais na entrevista exclusiva de Leonardo Souza ao Giro do Boi:

 

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