Brasil deve reduzir pela metade a idade ao primeiro parto para ganhar competitividade, afirma professor de USP

Doutor em reprodução animal lembra que no Brasil a média chega aos 4 anos para o primeiro parto, enquanto nos principais produtores de carne bovina do mundo o indicador é de 2 anos

Nesta terça, 06, o Giro do Boi exibiu entrevista feita com o professor da USP, médico veterinário e doutor em reprodução animal Pietro Baruselli. Ele fez uma reflexão sobre o patamar da reprodução bovina no Brasil, lamentando que o país tem índices muito menos competitivos na comparação com os principais produtores de carne bovina do mundo, como Estados Unidos e Austrália.

Um dos exemplos é a taxa de desmame, de cerca de 65% sobre o rebanho de fêmeas, enquanto chega a 80% nos países mais desenvolvidos. A idade ao primeiro parto também deixa a desejar, com uma média de quatro anos no Brasil, contra dois anos nas pecuárias mais avançadas. O intervalo entre partos também é considerado longo, sendo ideal que esteja próximo a um bezerro por ano, mas no Brasil este tempo demora mais que um ano e meio.

Para avançar nestes indicadores, o professor da USP chamou atenção para utilização de ferramentas como a inseminação artificial, que ajuda o pecuarista a produzir mais bezerros e bezerros de melhor qualidade. Baruselli celebrou o fato de que o país dobrou o volume absoluto de vendas de doses de sêmen nos últimos dez anos, de cerca de 7 milhões de doses para 14 milhões doses, além de avançar de cerca de 5% para 10% a 12% a fatia de matrizes aptas à reprodução que recebem protocolo de inseminação. No entanto, os concorrentes do Brasil na produção pecuária inseminam em média 20%.

A boa notícia é que o professor afirmou que a prenhez por via desta técnica é, atualmente, menos custosa na comparação com a monta natural, que hoje é maioria absoluta no Brasil. “Em vários estudos que nós fizemos, economicamente comparando com a monta natural, ela é viável ao produtor. Além de trazer eficiência produtiva, hoje uma prenhez por IATF tem custado mais barato do que uma prenhez com touro”, afirmou.

“Os nossos concorrentes inseminam bem mais do que o Brasil e nós precisaríamos aumentar, estimular mais a inseminação artificial porque ela possibilita a transmissão dos gens de touros de alta acurácia para produção de carne, de leite. Esses touros hoje estão genotipados e estão nas centrais. Hoje as ferramentas de melhoramento genético, identificação de indivíduos de alta produtividade estão evoluindo bastante também em todo mundo”, alertou.

“Hoje o sistema de produção sem tecnologia tem uma produtividade por área que dificilmente será sustentável. Se ele (o pecuarista) não aplicar tecnologia e aumentar a produtividade, vai ter uma pecuária substituída por outras atividades mais rentáveis. […] As biotecnologias da reprodução são ferramentas reprodutivas que colaboram pra que se aumente a produtividade. Isoladamente, elas não têm efeito”, ponderou.

Veja a entrevista completa no vídeo abaixo: