Com o mesmo investimento, pecuária pode ser mais rentável que lavoura, projeta produtor de Goiás

Pecuarista está engordando 20 cabeças por alqueire em semiconfinamento e quer dobrar a lotação; projeto inclui aumentar produção de forragem para diminuir o custo com ração

Nesta quarta, 21, o Giro do Boi exibiu entrevistas gravadas durante a Interconf 2018, Conferência Internacional de Pecuaristas realizada pela Assocon, a Associação Nacional de Pecuária Intensiva, em Goiânia-GO no mês de setembro.

Na ocasião, a equipe de reportagem do programa conversou com o pecuarista Milton Rodrigues, que tem, entre outras, uma propriedade na região de Cocalzinho de Goiás-GO. Nesta fazenda, Rodrigues trabalha com semi-confinamento e foca no aumento de produção de forragem para diminuir o custo com a ração, além de valorizar a sua terra ao investir na fertilidade do solo.

“O sonho do pecuarista é competir com o pessoal da lavoura. A gente fala como retórica: se investir na pecuária como se investe na lavoura, talvez a pecuária seja até mais rentável com uma taxa de risco menor. O problema é que até hoje a maioria de nós, pecuaristas, não faz isso. E talvez o problema da erva daninha, em função de solo, clima e sistema de chuvas no Brasil, estas ervas competem violentamente com a pastagem. Então talvez este seja um problema. Porque o agricultor trabalha com a terra todo ano, o pecuarista que planta um braquiarão, ele tem que durar 20 anos. Ele não vai tirar aquele capim. Então ele tem que trabalhar em cima de herbicida, fazer limpeza, adubação e calagem”, afirmou Milton.

Rodrigues tem uma taxa de desfrute atual de 20 cabeças por alqueire no semi-confinamento e tem projeção para aumentar para 40 cabeças, controlando ervas daninhas, aumentando a produção de forragem e diminuindo o custo da engorda intensiva.

Para o médico veterinário e analista de mercado da Scot Consultoria, Hyberville Neto, o produtor está em sintonia com as necessidades da pecuária moderna ao apostar no controle de ervas daninhas para aumento do desfrute. “É uma solução que vem substituir uma necessidade da reforma por uma recuperação. Isso aumenta a vida útil da pastagem com um custo menor, diminui o custo anual daquela pastagem por cabeça, por arroba produzida e tende a tornar a pecuária mais rentável. No longo prazo isto é positivo para a manutenção do produtor na atividade e os desdobramentos que a própria eficiência e rentabilidade maior têm no sistema. Um pecuarista que está ganhando dinheiro tende a investir, tende a ampliar a sua produção, isso é bom para a cadeia como um todo”, afirmou Neto.

Neto explicou ainda como o pecuarista pode apostar na sua própria produtividade para se livrar das oscilações de mercado. “Ao depender destas oscilações ele assume um risco que muitas vezes, pela produtividade, ele consegue manter, garantir uma margem interessante com menos estresse. Claro que um mercado promissor, um mercado positivo e uma fazenda eficiente se somam, gerando um resultado melhor, mas uma fazenda eficiente passa melhor pelas turbulências do mercado que acontecem de tempos em tempos pelas fases de baixa. E uma fazenda improdutiva depende do mercado em alta para ter lucro, então a gente tenta mostrar isso ao produtor, que a eficiência é algo que tem que ser buscado constantemente e o mercado tem que ser analisado, acompanhado, mas sem depender dele, se possível”, declarou.

A série de entrevistas conta ainda com a participação do engenheiro agrônomo Gabriel Gurian, representante técnico e de vendas da Corteva Agriscience. Veja pelo vídeo: