Falta de carne bovina compromete desenvolvimento das crianças, afirma doutoranda da USP

Nutricionista afirma que além de anemia por deficiência de ferro, privação do alimento prejudica desenvolvimento cognitivo; consumo é recomendado a partir dos seis meses de idade

Nesta sexta, 12, Dia das Crianças, o Giro do Boi recebeu em estúdio a nutricionista Bruna Zavarize Reis, mestre em nutrição humana aplicada e doutoranda em ciência dos alimentos pela USP. A profissional foi convidada do programa para falar sobre os benefícios do consumo da carne bovina pelos pequenos.

A nutricionista destacou que, a partir dos seis meses de vida, é praticamente obrigatório aos pais fornecerem uma suplementação para o aleitamento materno, que deve prosseguir. Entre os alimentos a serem disponibilizados aos bebês está a carne bovina, que, de acordo com a doutoranda, é a melhor fonte de ferro no que diz respeito à biodisponibilidade ao organismo do ser humano, o que significa uma melhor absorção do mineral.

Bruna destacou que, já nesta fase de vida, a necessidade do corpo para o ferro é tão grande quanto à de um adolescente e, por esta razão, uma dieta vegetariana não é recomendada. A especialista afirmou que os pais que insistem nesta conduta para com seus filhos devem obrigatoriamente procurar um nutricionista ou um pediatra para comunicar a decisão e procurar alternativas, mas alertou que não há substituto à altura da carne bovina na nutrição das crianças. “Isso não é recomendado. Se os pais insistirem nesse tipo de conduta é obrigatório a suplementação porque se você tirar a carne vermelha dificilmente você consegue substituir. Na infância é impossível você fazer substituições”, alertou.

As crianças que não comem carne bovina podem apresentar, por conta da deficiência da proteína e do ferro, falhas em seu desenvolvimento, desde anemia até problemas cognitivos. “Inclusive tem vários estudos que mostram que crianças que não comem carne neste período, a partir dos seis meses, que mantêm o padrão vegetariano desde então, elas têm um comprometimento no seu desenvolvimento. Tem uma prevalência de anemia por deficiência de ferro muito grande, o comprometimento cognitivo dessa criança também é muito grande, então não é recomendado mesmo”, reforçou.

Para os pais que querem começar a oferecer carne bovina na dieta dos bebês, a melhor forma, explicou Reis, é desfiar carnes bem cozidas e, portanto, macias, como o músculo e patinho. Pedaços maiores em que as crianças tentam “sugar” o suco da carne podem ser perigosos por eventualmente a criança destacar um pedaço maior do que o adequado e, ainda, por não oferecerem tantos nutrientes quanto o pedaço em si.

Ao longo da entrevista, Bruna Reis ainda comentou os perigos das crianças substituírem uma alimentação saudável, incluindo carne bovina, por alimentos ultraprocessados como sorvetes, refrigerantes e macarrão instantâneo.

Além disso, comentou dados sobre os problemas causados em grande parte da população mundial pela baixa ingestão de ferro e ainda a importância da ingestão de carne bovina por mulheres em gestação por conta do melhor desenvolvimento do feto. “É provado que se a mãe tem alguma desnutrição durante a gravidez, claro que o feto acaba percebendo isso. Você programa aquela criança para que ela absorva com eficiência muito maior tudo que ela comer dali para a frente, na vida adulta, inclusive. E aí ela tem uma chance maior de ser obesa, por ter passado fome alguma época da vida, no caso, intrauterina. […] Para as mamães, continuem oferecendo (carne bovina) porque vocês estão caprichando no desenvolvimento dos seus filhos”, concluiu.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo: