Frio e temporada de confinamento são propícios para doenças respiratórias; saiba como prevenir

Médico veterinário explica como formular um protocolo sanitário básico de entrada em confinamento para garantir a produtividade dos animais ao longo do período de engorda em cocho

Nesta quarta-feira, dia 06, o apresentador Mauro Sérgio Ortega recebeu no estúdio do Giro do Boi o médico veterinário Roulber Silva, gerente técnico da Boehringer Saúde Animal. O tema da conversa foi o cuidado redobrado com a sanidade da boiada nesta entressafra, quando duas mudanças majoritárias acontecem no sistema produtivo: o frio chega com mais intensidade, favorecendo o estabelecimento de doenças respiratórias, e a terminação em confinamento, com o agrupamento dos animais, pode favorecer a disseminação de tais doenças.

“Uma das principais doenças falando em confinamento é a DRB, a doença respiratória bovina, ou pneumonia. Com certeza, essa mudança de temperatura, em algumas regiões, a gente vê a temperatura muito baixa no período da manhã, e a tarde começa a esquentar muito, então tem uma amplitude muito grande de temperatura, e o animal sente. Se a gente sente, imagina o animal. E além disso, o ambiente está mais seco porque para de chover. Aí tem mais poeira no ar e você começa a ter problemas de doenças respiratórias nos bovinos”, alertou.

Mais do que a poeira, a aglomeração de animais também facilita a disseminação das doenças, principalmente causados por vírus. Um exemplo é a transmissão do vírus da BVD, a diarreia viral bovina, que pode comprometer o sistema imunológico do animal e abrir uma porta para a entrada de bactérias que causam outras doenças.

O estresse pelo qual passam os lotes destinados ao confinamento durante o transporte e também a adaptação a uma nova dieta de cocho, diferente do que ele recebia a pasto, também deixam o animal mais suscetível a outras infecções.

A boa notícia é que o pecuarista pode seguir um protocolo padrão de sanidade para a entrada do confinamento, evitando a perda de produtividade e até mortalidade durante este período de engorda. O veterinário afirmou que um protocolo básico é composto por:

– Vermífugo, priorizando os produtos de baixo período de carência para não haver problemas com resíduos na carne;
– Carrapaticida, também respeitando o prazo de carência (foco em produtos que têm até carência zero);
– Vacina para prevenir o botulismo, tendo em vista que no confinamento o consumo de uma dieta diferente, como silagem, pode trazer risco de contaminação;
– Vacina contra outras clostridioses;
– Vacinação para doenças respiratórias;
– Em alguns casos, recomenda-se também uso antecipado de antibiótico para assegurar que pneumonia não se manifeste nas primeiras semanas de cocho;

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Outro manejo que pode garantir a saúde dos animais é a ronda sanitária, na qual os peões podem detectar comportamentos incomuns, identificar os bois com problemas para tratar deles em separado.

Também é recomendável aplicar todas as boas práticas de manejo ao longo de todo o período para garantir que a resposta do sistema imunológico dos animais esteja à altura do desafio. “Se você aplicar (uma vacina, por exemplo) com esse animal estressado, a gente sabe que esse estresse diminui a imunidade do animal. Se ele estiver estressado na hora que você aplica, com certeza ele não vai responder a essa vacina. Então o bem-estar é um ponto muito importante no manejo sanitário dos animais”, salientou.

Veja a entrevista completa de Roulber Silva pelo player abaixo: