Novilhas precoces desafiadas à reprodução criam um bezerro a mais ao longo da vida produtiva

Veterinário sugere supressão da categoria das "novilhinhas de recria", desafiando as fêmeas jovens aos 14 meses e aumentando o desfrute em fazendas de cria

Pecuarista de cria, em sua fazenda você ainda tem a famosa “novilhinha de recria”, aquela que não emprenhou jovem e acabou adiando a reprodução para a próxima estação de monta? Dentro da propriedade, o mau aproveitamento desta categoria pode significar uma bezerro a menos por matriz se levada em conta toda a sua vida produtiva da vaca.

Foi o que indicou ao Giro do Boi desta sexta, 30, o médico veterinário e diretor técnico da ANCP, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, Argeu Silveira. A precocidade sexual em gado de corte, tanto de machos quanto de fêmeas, passou a ser tema de estudos de diversas instituições de olho no avanço do desfrute dos pecuaristas de cria. Algumas das descobertas já estão inseridas inclusive em DEPs pelos programas de melhoramento.

Os resultados já estão sendo observados por todo o País, afirmou Silveira. “Quando eu ando pelo Brasil e vejo criadores desafiando suas novilhas precocemente no Acre, Tocantins, Pará, agora recentemente no Paraná, no Mato Grosso do Sul, e criadores de gado comercial, que não estão pensando na produção genética, eles só querem ter um bezerro a mais, a gente fica muito feliz. […] O que você ganha com as “precocinhas”? Você ganha um bezerro a mais da vida útil da vaca. Uma vaca que ia emprenhar aos dois anos e parir aos três você consegue emprenhar aos 14 meses e parir aos dois anos. E qual é a conta que tem que fazer? Para esses bezerros, machos ou fêmeas, vendendo à desmama, você tem no mínimo R$ 1.300,00. […] Então se você gastar um pouquinho desses R$ 1.300,00 para produzir este bezerro, é totalmente viável”, calculou o veterinário.

Outro benefício é a diminuição da capacidade ociosa da fazenda de cria, ou seja, a baixa taxa de prenhez. “Em uma fazenda de cria, você tem 40% dos animais que são novilhas que não vão parir um bezerro e vão comer pasto. Na hora que você antecipa isso, você elimina uma categoria da sua fazenda. Não existe mais a novilha de recria”, afirmou.

A característica já está acessível aos produtores que fazem uso de programas de melhoramento genético em seus rebanhos, frisou Silveira. “A gente tem uma DEP da característica de fêmeas, que é a D3P (DEP de Probabilidade de Parto Precoce), que quanto melhor o ranqueamento, melhor a DEP, e agora neste segundo semestre a gente lança a DEP complementar, que é a precocidade sexual de machos, que complementa esta característica. […] Dentro de pouco tempo, emprenhar uma novilha Nelore aos 14 meses, que já é fácil, será mais fácil ainda”, concluiu.

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