Pecuarista tem retorno de até R$ 4 para cada real investido em pastagem profissional

Pesquisador da Embrapa alerta que mesmo os cuidados meramente tradicionais com o pasto, como evitar pragas e ervas daninhas, podem levar a uma perda anual de 10% de sua capacidade de suporte

Nesta terça, 13, o Giro do Boi levou ao ar entrevista com o engenheiro agrônomo, mestre em agricultura com ênfase em pastagens e nutrição animal e PhD em ecologia, Moacyr Bernardino Dias Filho, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

Ele detalhou no programa cálculos feitos em conjunto com pesquisadores da unidade da Embrapa localizada em Belém-PA, e divulgados em recente artigo na revista DBO, que informam o retorno esperado do pecuarista que investe em diferentes modalidades de pastagens. Segundo Bernardino, para cada R$ 1 investido em em pastagem empresarial, pecuarista tem um retorno esperado de R$ 4. Já o mesmo investimento na renovação do pasto retorna até R$ 2,70 ao produtor. O investimento na recuperação da pastagem pode retornar R$ 2,40. Já a pastagem tradicional retorna R$ 0,85 ao pecuarista, conforme aponta a tabela em destaque acima na página.

Segundo o pesquisador, os valores absolutos variam de acordo com a região analisada, mas as proporções entre cada categoria de investimento são mantidas. “Na pastagem empresarial, que é aquela cuidada corretamente desde o início, embora seja mais cara em termos de investimento – cerca de 50% a 60% a mais do que teria que ser investido (em um pasto tradicional) para poder dar aquele empurrão para tornar a pastagem produtiva -, ela com o tempo, cerca de dois, três anos, talvez menos, vai ser muito mais rentável do outras modalidades”, analisou o pesquisador da Embrapa.

De acordo com o agrônomo, aquele produtor que faz apenas o controle de ervas daninhas e pragas pode até estar perdendo dinheiro. Isto acontece porque o pasto que não é cuidado profissionalmente como uma lavoura perde em torno de 10% da capacidade de suporte ao ano.

Bernardino complementa a informação afirmando que se tais cuidados foram completamente negligenciados, perde-se até 30% de capacidade de suporte todos os anos e, dentro de três a quatro anos, o pecuarista tem em sua fazenda uma pastagem degradada, necessitando investir novamente na formação do piquete.

“O problema é crônico, mas o horizonte à frente não é tão sombrio. Já estamos melhorando, mas há espaço para melhorar muito mais”, ponderou Bernardino. Em conversa com o apresentador Mauro Sérgio Ortega, o pesquisador detalhou várias atitudes que o pecuarista pode ter para estar em sintonia com o profissionalismo no que diz respeito à gestão sua pastagem.

“O produtor que quer se profissionalizar ou adotar um sistema integrado precisa ter visão empresarial da atividade, fazer um acompanhamento periódico da sua taxa de lotação, por meio da análise de solo monitorar a fertilidade, ou seja, ter uma constante preocupação com sua fazenda, seu pasto. Ele tem que olhar o pasto como cultura agrícola. Este é o grande segredo da atividade. Deixar de olhar só o boi e olhar para baixo, para o pasto, que é o que sustenta o boi”, resumiu Moacyr.

Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo: