Perspectivas para pecuária em 2018: cenário positivo para compra de grãos, reposição e consumo de carne

Rodrigo Albuquerque, analista da NF2R, prevê mercado positivo em 2018 e lista três passos para comercialização de boi gordo pelo mercado futuro

Nesta segunda, 29, o médico veterinário e analista de mercado Rodrigo Albuquerque, titular da consultoria NF2R, concedeu entrevista ao Giro do Boi para apresentar um panorama para a pecuária de corte em 2018 para assuntos como mercado futuro, reposição, preço dos grãos para o confinador e consumo interno de carne bovina.

“Sem dúvida nenhuma que a gente deve experimentar algum grau de recuperação do consumo”, projetou Albuquerque, tendo em vista a recuperação econômica do País. “Não é uma recuperação que justifica soltar rojão pra todo lado, mas o agro costuma ser o primeiro broto verde que desponta no pós-crise”, enalteceu.

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Nos últimos anos, com a retração da economia, o consumo de proteína vermelha pelos brasileiros caiu cerca de 10 kg per capita/ano, saindo de um auge na casa de 40 para 30 kg/per capita/ano. “Se a diminuição do consumo foi inédita e não imaginava que pudesse acontecer, o retorno também é fato inédito e a gente não sabe como vai se comportar. Ou seja, a gente pode ter surpresa positiva”, ponderou o analista.

Em relação à demanda externa, o veterinário espera que o país performe o que está estimado de fato pela Abiec, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. A previsão é que o país encerre 2018 com US$ 7 bilhões em embarques. “Olha que interessante. Seria mais ou menos um dólar para cada habitante do planeta Terra. A gente tem conjuntura internacional sincronizada em um ambiente de juros baixos, inflação baixa e os nossos importadores estão em um momento econômico bom. Então a gente precisa aumentar a produção para dar vazão e permitir exportar. O ciclo pecuário está levando a esse caminho”, incentivou Rodrigo.

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Para aumentar a produção, o pecuarista deve enfrentar um cenário positivo, sobretudo se tiver capacidade de fazer a gestão dos custos. O preço do milho, por exemplo, deve estar pouco acima do patamar de 2017. “A gente acredita que tenha preço pouco maior do cereal porque a gente teve a maior safra da história no ano passado. Esta safra que está começando a ser colhida, junto com a safrinha de daqui a pouco, é menor do que a anterior, mas ainda muito grande, possivelmente a segunda maior da história. Então temos um estoque bom e teremos um aumento de preço que não deve ser impeditivo para a produção. A perspectiva é boa para quem suplementa, mesmo sendo realista e projetando um preço um pouco maior, mas também é bom porque o agricultor também precisa ter renda”, comentou.

A reposição deve ter comportamento parecido. Para Albuquerque, a retenção de fêmeas observada de 2014 a 2016 deve colocar à disposição do mercado mais oferta de bezerros, mas a configuração não deve ser de preços ruins para o criador. “É provável que haja aumento de oferta gradativo da desmama ao longo dos próximos anos, isso é fato, mas a notícia não é tão ruim para quem cria em termos de preço […] porque em contrapartida, nós teremos uma posição mais ativa do comprador. Não é um cenário de derretimento do preço da cria, creio que acharemos um equilíbrio que seja interessante para o criador e o recriador e engordador. Não estou pessimista, […] mas sempre com muita atenção ao criador porque o Brasil reteve muitas fêmeas e esse volume vai vir ao mercado e pressionar os preços”, relatou.

MERCADO FUTURO
Para Albuquerque, o produtor precisa seguir três passos para projetar comercialização via mercado futuro:

1 – Gestão produtiva. “Quando vai pensar em mercado futuro, o nome já diz, ele vai travar preço de venda animal que vai entregar lá na frente e precisa ter total certeza que vai ter o animal pronto, senão ele comercializa e não tem animal pra entregar. Esta é a primeira tarefa: saber quando vai ter animais prontos”, sinalizou.

2 – Custo de produção. “Ele precisa saber quando e com qual custo ele vai ter o animal lá na frente”, reforçou.

3 – Projetar a margem desejada. “Além de saber quanto custou, o pecuarista precisa saber quanto ele quer ganhar em cada lote que vai vender. Com esse quadro nas mãos, mais os preços que o mercado futuro oferece, dá pra saber se é hora ou não de vender”, concluiu.

Veja mais informações na entrevista completa de Rodrigo Albuquerque ao Giro do Boi clicando no vídeo abaixo: