Pesquisa busca entender relação entre consumo de água e conversão alimentar

Testes feitos com novilhas Senepol confinadas apontaram que os indivíduos mais eficientes no uso de água têm conversão alimentar até 15% superior em relação aos animais que bebem mais água

Uma pesquisa promovida pela Embrapa Gado de Corte está tentando entender a relação entre o consumo de água e a eficiência na conversão alimentar de bovinos de corte. O levantamento utilizou dados advindos de provas de desempenho realizadas em 2014, 2015 e 2016 com quase 750 novilhas Senepol confinadas e apontou que os animais que consomem menos alimento para converter em carcaça consomem também menos água no confinamento.

“É uma relação direta entre consumo e água. Os animais que usam menos água pra ganhar peso, aqueles que têm melhor produtividade de água, que têm uma melhor eficiência no uso dessa água, também têm uma conversão alimentar melhor. Aí que veio o pulo do gato, a nossa surpresa. Quando a pegou essa população de animais de 750 novilhas Senepol e olhou os extremos em relação à eficiência do uso da água, a gente pegou aquelas que são mais eficientes para usar água e aquelas que são menos eficientes. E na hora em que a gente comparou a conversão alimentar delas, a gente viu que havia diferença, e diferença importante, na ordem de 10% a 15%”, revelou o zootecnista Rodrigo Gomes, mestre, doutor e pós-doutor pela FZEA-USP e pesquisador da Embrapa Gado de Corte, um dos coordenadores do estudo.

A partir da detecção desta relação, surgiu a hipótese de realizar novos estudos para encontrar animais que são eficientes na conversão de alimentos a partir de testes de consumo de água, que são significativamente mais baratos do que os testes de conversão alimentar.

Rodrigo ainda comentou em conversa com o apresentador Marco Ribeiro que abriu-se uma nova janela, pois com a descoberta é possível derivar outras linhas de pesquisa para entender como esta relação pode contribuir para análises de outorga de uso de água para projetos de pecuária, por exemplo. O próximo passo é testar esta relação com animais de outras raças, como o Nelore, e também em regime de pasto para checar a validade da informação.

Também já se sabe até aqui que tal característica pode ser repassada entre gerações. “Normalmente a gente divide a herdabilidade entre baixa, moderada e alta. Esta característica tem herdabilidade moderada. Em uma escala de 0 a 1, ela gira em torno de 0,4 a 0,5 de herdabilidade, um resultado importante que mostra que se a gente quiser, consegue fazer um melhoramento rápido para esse tipo característica”, complementou.

Veja a entrevista de Rodrigo da Costa Gomes completa no vídeo abaixo: