Vacinas mal aplicadas geraram prejuízo de R$ 5 bi no 2º semestre de 2017

Segundo engenheiro de produção, cada dianteiro de carcaça com vacinação mal feita perde, em média, 1,5 kg de carne.

Nesta terça, 06, o engenheiro de alimentos e diretor técnico da JBS, Bassem Sami Akl, falou ao Giro do Boi sobre os problemas derivados das más práticas de vacinação contra a aftosa nas carcaças bovinas. O especialista afirmou que a empresa perde até 1,5 kg de carne do dianteiro com as aplicações indevidas e, no segundo semestre de 2017, em cerca de 3 milhões de animais abatidos, 4,5 mil toneladas foram desperdiçadas por conta da situação. “Chegamos a falar em um prejuízo de até R$ 5 bilhões”, lamentou o diretor.

Além do prejuízo financeiro para o pecuarista e para a cadeia produtiva de maneira geral, Bassem alertou para a má reputação da carne brasileira, o que leva ao questionamento de consumidores no mercado interno e externo, em que os governos passam a ser mais exigentes quanto ao produto e até vetam a importação, como ocorreu com os Estados Unidos. Os norte-americanos foram o caso mais simbólico de veto à carne brasileira in natura por conta dos problemas da vacinação contra aftosa e os embarques ainda não foram retomados desde o ano passado.

Para amenizar o problema, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento adotou uma série de medidas, como a redução da dose da vacina de 5 ml para 2 ml, o que diminui o potencial de reação, seja por abscessos ou granulomas. A ideia era fazer com que as novas medidas valessem para a segunda etapa nacional de vacinação contra a febre aftosa, em novembro de 2018, mas houve adiamento. “Como não conseguimos andar com a produção de toda esta vacina, a medida vai ser postergada e de fato teremos a nova campanha em 2019”, comentou Bassem.

O ano que vem marcará também a retirada do adjuvante saponina, que causa aspectos indesejáveis na carne por conta da formação de edemas quando aplicada. “A consequência disso é uma reação exacerbada do organismo que leva à formação de processo inflamatório”, explicou o engenheiro de alimentos. “À partir de 2019, ela não mais será parte integrante da composição da vacina”, acrescentou.

Bassem recomendou ainda que o produtor continue o trabalho de conscientização para as boas práticas de vacinação, como não aplicar a vacina intramuscularmente, mas de forma subcutânea, pois facilita a localização de possíveis reações, na tábua do pescoço para que não haja risco de perder peças mais nobres da carcaça, como a picanha ou contrafilé, usando uma seringa higienizada e com agulha específica para aplicação subcutânea.

Confira o depoimento de Bassem Sami Akl ao Giro do Boi desta terça, 6: