Caroço de algodão em confinamento é recomendável até certo ponto, pondera zootecnista

Consultor de manejo nutricional para confinamentos reforça que ingrediente pode influenciar qualidade e fazer o produto final sofrer rejeição do mercado; veja qual o limite indicado

No segundo bloco do programa especial do Giro do Boi gravado durante o dia de campo no boitel da JBS em Guaiçara, Mauro Sérgio Ortega conversou com o zootecnista João Paulo Bastos, consultor responsável pelo manejo nutricional dos animais em terminação tanto na unidade do interior paulista como também de Terenos-MS e Lucas do Rio Verde-MT.

O zootecnista destacou que a estratégia para atingir o desempenho esperado da terminação em cocho está focada no adensamento das dietas, usando ureias e gorduras protegidas, mais milho e menos subprodutos em sua formulação. “Justamente para dar aporte de energia maior para os animais, uma energia mais disponível, e com isso conseguir eficiência melhor porque tem redução de consumo, porém se transfere mais energia para a carcaça”, ponderou.

O consultor também recomendou cuidados ao utilizar subprodutos do algodão, como o caroço, nas dietas de confinamento. Em 2018, a alternativa tornou-se mais interessante por conta da valorização do milho. “Recomendo utilizar, porém até um certo ponto é favorável, acima disso você começa a ter comprometimento na carcaça em termos de gosto e qualidade. Isso para o mercado é ruim. Na hora em que (a carne) começa a bater no mercado e voltar, a cadeia sofre. A gente pode trabalhar com até 20% na matéria seca, é o nosso limite de algodão, mais que isso não é recomendável”, limitou o zootecnista em conversa com o apresentador Mauro Sérgio Ortega.

Ainda durante o bloco, o repórter José Neto mostrou uma experiência que o pecuarista Eduardo Otoboni está realizando na unidade do boitel em Guaiçara-SP. Otoboni enviou uma bezerrada Nelore crioula (foto em destaque) vinda do Mato Grosso para ser engordada em confinamento saída direto da desmama, suprimindo a etapa da recria para ser terminada como superprecoce. O lote foi desmamado com cerca de 260 kg e deve ficar no cocho 150 dias ao todo, na modalidade de negócio de ração consumida. “É um experimento que estamos fazendo para aproveitar precocidade do animal”, resumiu Otoboni.

O produtor busca intensificar seu sistema de produção, mas também acredita que o consumidor se beneficia com a carne que disponibilizará ao mercado. “Além do benefício para o produtor, como Cota Hilton, (bonificação por) Protocolo Sinal Verde e outros, para o consumidor final é uma qualidade extremamente perfeita. […] Essa modalidade veio para ficar. O fluxo de caixa da propriedade não pode parar e tem que estar sempre antecipando, e ao mesmo tempo você disponibiliza pasto para outros animais”, indicou Otoboni.

Confira as entrevistas completas clicando no vídeo abaixo: