Carne Angus Certificada quer exportar mil toneladas/ano até 2020

Com o consumo de carne bovina no Brasil em queda, associações fomentam as exportações de produtos premium que agregam valor ao trabalho do pecuarista


Enquanto o consumo de carne bovina continua abaixo da média histórica no Brasil, as associações do setor se mobilizam para encontrar novos caminhos para o escoamento da produção. Entre os dias 07 e 11 de outubro, a Associação Brasileira do Angus (ABA), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estiveram na feira Anuga, em Colônia, na Alemanha, considerada um dos principais eventos do calendário alimentício do mundo, para promover o produto premium nacional.

O foco está nos embarques das carnes do programa Carne Angus Certificada. Quem falou sobre o tema no Giro do Boi desta terça, 17, foi o diretor da iniciativa da ABA, Reynaldo Salvador. Ele ressaltou que, em 2017, o programa completa 14 anos e já é 25 vezes maior do que foi em sua primeira temporada de ações, saindo de 20 mil cabeças certificadas em 2003 para 500 mil no ano passado.

Depois de crescer baseado no aumento da procura do consumidor brasileiro, que arrefeceu nos últimos anos com a queda do poder aquisitivo, o programa busca alternativas no exterior para mudar a percepção internacional sobre a carne brasileira de commodity para valor agregado.

E a estratégia tem funcionado. Nos últimos doze meses, foram exportadas 350 toneladas de carnes advindas do programa para países da Europa, Arábia Saudita, China, Emirados Árabes Unidos e Singapura. O preço pago pelo produto reflete a diferença da percepção dos exportadores para as carnes especiais. Enquanto o preço médio das carnes brasileiras exportadas está pouco acima dos US$ 4.100,00, cada tonelada dos produtos do programa Carne Angus Certificada é vendida em média por US$ 11.000,00.

Segundo Salvador, este novo olhar para a carne bovina brasileira é, em boa parte, fruto das premiações conquistadas recentemente pela marca Angus Friboi, casos da medalha de ouro no World Steak Challenge (Londres, Inglaterra) e pontuação máxima de três estrelas na prova do International Taste & Quality Institute (ITQI, em Bruxelas, Bélgica). “Com isso, o mercado começou olhar com olhos diferentes não exclusivamente para a carne Angus, mas para a carne bovina brasileira”, comemorou Salvador.

A meta agora é audaciosa: atingir um volume anual de mil toneladas exportadas até o ano de 2020. Além disso, Salvador espera a volta da capitalização do brasileiro para que o mercado de carnes premium expresse todo o seu potencial. “Nossa pedra sapato neste momento é a crise, que nós temos que encarar como grande barreira. O país tem que se reorganizar, voltar a crescer e produzir, pois o nosso grande mercado está aqui. Realmente o ano todo de 2017 foi difícil, mas nós temos que olhar para 2018 como um grande ano, um ano novo, certamente modificando a situação atual. Isto é muito importante para nós enquanto cadeia produtiva”, opinou.

Veja na íntegra a entrevista de Reynaldo Salvador ao Giro do Boi: