Colheita da safrinha pode compensar alta do milho e aliviar custo do confinamento

Quebra na safra da Argentina equivale à colheita de todo o estado do Paraná, mas desempenho da safrinha brasileira pode compensar e melhorar perspectivas para engorda de boi em cocho

Nesta terça, 10, o Giro do Boi exibiu entrevista feita pelo repórter Marco Ribeiro com o presidente da Assocon, a Associação Nacional da Pecuária Intensiva, Alberto Pessina. Ele traçou um panorama para os giros de confinamento de 2018, balizando custos de produção, janelas de oportunidades e ferramentas que ajudem na gestão da produção intensiva.

Segundo o executivo, uma das principais notícias positivas de 2018 para a pecuária é que o brasileiro voltou a comer carne. No entanto, a alta do preço do milho, observada sobretudo ao final de fevereiro, mudou algumas perspectivas para o confinamento. “O lado ruim foi a surpresa com milho, que ao final de fevereiro subiu R$ 10 de uma vez só. Quem comprou está bem, mas quem não comprou tomou um susto e isso vem impactando nos custos do boi gordo. Principalmente para o segundo giro de confinamento, nós temos um cenário que ficou turbulento em termos de emoção”, ponderou.

Na Argentina, por exemplo, o prejuízo com a colheita do cereal em relação a volume equivale a “um Paraná inteiro”, comparou Pessina. No entanto, com a informação da quebra da safra do país vizinho, agricultores brasileiros se movimentaram rapidamente para aproveitar a oportunidade e agora cresce a expectativa pela colheita de milho safrinha. “Se tivermos clima que afete a safrinha do milho, os preços realmente vão continuar altos. […] Mas temos agora que ver como vai ser nossa safrinha, como Mato Grosso e Paraná vão desempenhar”, alertou.

+ Veja no Informe Pecuário a relação de troca atualizada entre boi gordo e milho

Pessina recomendou ainda que os gestores dos confinamentos, sejam donos das propriedades, diretores ou líderes de maneira geral fiquem atento às janelas de oportunidades. O executivo lembrou que pecuaristas que travaram preços de milho e se beneficiaram enquanto o cereal tinha valores mais atraentes perceberam a oportunidade há pelo menos quatro meses. “Essas travas todas não foram feitas hoje, foram feitas meses atrás. Eles encontraram a oportunidade, acharam que era o momento e fizeram. Há quatro meses que a janela apareceu e já passou. Por que alguns pecuaristas perceberam? Porque olharam pra fora e viram o que podia ser feito”, justificou.

“Em resumo, houve uma redução de perspectivas por causa de custos, mas não quer dizer que não tenha oportunidades. Elas podem estar aparecendo e é questão de você, como gestor, identificá-las. Então fique de olho e busque usar ferramentas que possam te ajudar nisso”, aconselhou.

Veja abaixo a entrevista completa de Alberto Pessina: