Santa Gertrudis: taurino tropical se destaca em programas de carne premium

Em entrevista ao Giro do Boi, novo presidente da Associação Brasileira de Santa Gertrudis, Gustavo Barreto, falou sobre o futuro da raça no País

O Giro do Boi recebeu em estúdio nesta terça, dia 18, o pecuarista Gustavo Barreto, titular da Fazenda Mangabeira, tradicional criatório Santa Gertrudis em em Japaratuba-SE. Ao fim do ano passado, Barreto foi eleito o primeiro presidente da Associação Brasileira de Santa Gertrudis de fora do estado de SP.

Primeiramente Gustavo falou de sua relação com o Santa Gertrudis. A Fazenda Mangabeira seleciona a raça há 43 anos. “Quando eu nasci, a gente já tinha Santa Gertrudis. Então eu fui criado vendo Santa Gertrudis. E o bom do Santa Gertrudis, como eu digo, é que ele se mostrou, ele se provou. […] Imagine, em 43 anos de criação, por quantas secas nós passamos também? […] Então é uma raça que está lá presente, mostrando a sua rusticidade e adaptação”, ressaltou.

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CRESCIMENTO DA RAÇA

Em seguida, Gustavo celebrou o avanço da comercialização da genética da raça. “Nós estamos espalhados em todo o Brasil e, graças a Deus, num crescimento muito grande de venda de sêmen. A gente cresceu mais de 100% em venda de sêmen, que é uma forma de estar em todos os lugares”, observou.

Além disso, a raça também se consolida pelo volume de tourinhos. “A gente atende o pequeno criador e o grande criador. Muitas vezes o pequeno criador, quando não tem a possibilidade de fazer uma inseminação, tem como fazer um cruzamento industrial e entrar nos programas de classificação usando touro Santa Gertrudis. Então é uma ferramenta com a qual a gente consegue atender do pequeno ao grande produtor rural”, reforçou o novo presidente da associação da raça.

CARNE DE QUALIDADE

Ao mesmo tempo em que destacou precocidade, rusticidade e adaptação, Barreto enalteceu o potencial para produção de carne de qualidade pelo Santa Gertrudis. “É uma raça com muita precocidade, qualidade de carne, rusticidade e adaptação. Então a gente tem que mostrar cada dia mais as nossas qualidades para os nossos clientes”, confirmou.

Conforme declarou o criador, a característica da raça encontra respaldo no mercado consumidor. “É um mercado crescente. Eu sempre digo hoje que quando uma pessoa come uma carne de qualidade, você é pego pela boca. E para você voltar a comer carne sem ser de qualidade, é difícil. Quando você começa a ter contato com uma carne de qualidade, é difícil você voltar”, analisou.

Segundo o criador, a raça pode ser usada como ferramenta para diversos sistemas produtivos. É o caso, por exemplo, da pecuária leiteira. “Eu tenho clientes que têm gado de corte e gado de leite. E eles usam (o Santa Gertrudis) nos dois porque o bezerro de leite vai ser pesado. Ele aproveita o bezerro do leite e vende como corte. Então ele já tem um aproveitamento. Então vai se encaixando em cada projeto”, salientou.

“Eu acho que todas as raças têm as suas qualidades. Você sabendo trabalhar e aproveitar as suas qualidades, você consegue fazer uma pecuária muito moderna com o resultado que você precisa. Então nós temos depoimentos de diversos lugares do Brasil e todo mundo satisfeito, seja com a adaptação, a rusticidade, com o ganho de peso. Cada um está precisando de uma coisa. Melhorar a sua carcaça, melhorar o desempenho. Se você não tem acabamento, você joga um touro que vai dar acabamento, vai dar precocidade”, disse em suma o pecuarista.

FAZENDA UNIÃO DO BRASIL

Em seguida, Barreto apresentou exemplos de criatórios de Santa Gertrudis com objetivos distintos em diferentes regiões. O primeiro deles é a Fazenda União do Brasil, em Buri-SP, que utiliza a raça desde 1988. O criatório é a casa de algumas das provas de desempenho da associação e ainda abate o gado cruzado no Protocolo 1953. “Para se ter noção da adaptação nessa prova de desempenho, nós tivemos três geadas. A prova acabou em novembro e os animais pegaram três a quatro geadas”, informou.

De acordo com Barreto, o Santa Gertrudis se provou na região a ponto de a Fazenda União do Brasil apostar no tricross. “O Santa Gertrudis em cima da F1 Angus é muito utilizado porque ele consegue dar uma heterose grande com desempenho, mas sem perder rusticidade. O grande segredo do tricross é você ter essa rusticidade no cruzamento”, reforçou.

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FAZENDA LÍRIO DO VALE

Em Nova Andradina, em Mato Grosso do Sul, a Fazenda Lírio do Vale é outro criatório que apresenta “resultados fantásticos” com o Santa Gertrudis. “Nós temos muitos clientes em Mato Grosso do Sul que abatem lá no frigorífico em Nova Andradina. Eles estão tendo resultados fantásticos”, frisou Barreto. A propriedade faz 100% dos cruzamentos com touros Santa Gertrudis, mostrando a adaptação da raça em combinação com carcaça de qualidade.

INTERCÂMBIO

Em conclusão, Barreto revelou um de seus objetivos à frente da Associação Brasileira de Santa Gertrudis. O objetivo é sediar no Brasil o congresso internacional da raça em 2023 e fazer o intercâmbio de informações sobre o melhor uso da raça. “Agora mesmo a gente está escolhendo material genético da Austrália para trazer. Vamos importar sêmen de alguns touros. Vamos importar novamente touros dos Estados Unidos. A gente sempre está observando também a região do Chaco, no Paraguai. É uma região que tem um Santa Gertrudis fantástico, uma raça que está crescendo muito bem”, ilustrou o pecuarista.

Nesse sentido, Gustavo confirmou que a ideia é usar a troca de informações para descobrir os melhores cruzamentos e ferramentas de seleção para trazer para a realidade brasileira.

O contato para os interessados em mais informações sobre a raça pode ser feito pelo e-mail [email protected] ou pelo site santagertrudis.com.br.

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Por fim, assista a entrevista completa com Gustavo Barreto, novo presidente da Associação Brasileira de Santa Gertrudis para o biênio 2022/23: