Boi fazendo hora extra? Saiba por que isso é muito ruim

Doutor em zootecnia da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) explica o que é preciso ser feito para não fazer o animal trabalhar tanto no pasto

Pastos baixos são uma característica muito comum nas áreas de forragem por todo o País. E isso é um sinal muito preocupante. O boi, além de estar fazendo hora extra, não está se alimentando direito, segundo o doutor em zootecnia Gustavo Rezende Siqueira. Ele é pesquisador do Polo Regional de Alta Mogiana da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). A unidade fica no município de Colina, na região de Barretos.

“O que acontece quando os pastos estão muito baixos? Eu tenho uma limitação do bocado. Cada vez que o animal dá uma pastejada ele colhe de 0,5 a 2 gramas de matéria seca por dia. Na média, uma grama por dia. Então o animal precisa dar, por exemplo, umas dez mil bocadas por dia para comer tudo que ele precisa”, diz Siqueira.

O pesquisador foi o entrevistado da série de reportagens que mostra as pesquisas da APTA para o desenvolvimento da pecuária brasileira. Nesta sexta-feira, 27, foi ao ar o quinto episódio.

Vacas canchim em pasto seco e baixo. Foto: Gisele Rosso/Embrapa Pecuária Sudeste

Para Siqueira, se o boi passa mais horas comendo, além de significar perda de energia e menor consumo no final do dia, também significa que o bovino está trabalhando muito além da conta.

“O gado gosta de pastejar oito horas por dia. Se for menos, melhor ainda. Num pasto baixo o boi pode fazer até quatro horas extras por dia. E hora extra não é bom”, diz Siqueira.

Pastos baixos

O problema é limitar o ganho de peso dos animais. Segundo o pesquisador, essa é a explicação quando produtores dizem que seu rebanho não está engordando. E nesse caso, estão trabalhando com uma genética adequada e com oferta de suplementação. No final das contas, o problema era o pasto baixo demais.

Pasto baixo inclusive é mais vulnerável a efeitos de veranico. Ele também fica mais suscetível a invasoras e pragas. Entre elas, o cupim e o formigueiro.

pasto degradado
Área com pastagem degradada em Ipameri (GO) em março de 2012. Foto: Breno Lobato/Embrapa Cerrados

Solução para o problema

O ideal é o produtor trabalhar com um manejo de pasto um pouco mais alto. A altura ideal vai depender de cada planta forrageira. Mas para resolver a questão do tamanho é preciso mexer na lotação dos animais e adubar a área.

A adubação é inclusive a receita para turbinar os ganhos, pois mexer apenas na lotação não é rápida. As plantas levarão mais tempo para se recuperarem, se for manejada apenas a quantidade de animais na área.

“Para quem quer emagrecer a receita é a comida esparramada e o garfinho pequeno. Para quem quer engordar a receita é o prato amontoado com um garfo grande”, diz o pesquisador.

Confira a reportagem na íntegra no vídeo abaixo:

Ao todo serão 20 reportagens, de todos os ciclos de produção de carne de qualidade, que serão exibidas no programa Giro do Boi todas as sextas-feiras. O programa de TV vai ao ar de segunda à sexta no Canal Rural, às 7h00 (horário de Brasília) e no Canal do Criador, às  13h00 (horário de Brasília).