Prefira arroba de vaca gorda do que arroba de vaca de descarte

Doutor em zootecnia da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) explica como o pecuarista pode faturar mais terminando as vacas vazias da estação

Entra ano e sai ano, e a história é a mesma. Se a vaca não emprenha, o melhor é mandá-la para o gancho. Mas, você, pecuarista, prefere dizer simplesmente que o animal é de descarte ou faz um trabalho de engorda desse animal antes de mandar para o abate?

O pesquisador Flávio Dutra de Resende explica que engordar essa vaca é a melhor saída para valorizar a arroba deste animal.

Resende é doutor em zootecnia e diretor do Polo Regional de Alta Mogiana da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). A unidade fica no município de Colina, na região de Barretos. A APTA está vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“O pecuarista tem de entender que vaca multípara tem de mandar para o frigorífico. Agora por que não aproveitar um pouco mais de carcaça nessa vaca”, diz Resende.

Engorda de vacas multíparas podem ser opção de ganhos para a fazenda. Foto: Gabriel Rezende Faria/Embrapa Agrossilvipastoril

O pesquisador foi novamente entrevistado na série de reportagens que o Giro do Boi fez nas unidades da APTA. Este foi o 6º episódio. O objetivo é trazer a cada semana estudos que mostram boas ideias de manejo para o desenvolvimento da pecuária brasileira.

Engorda a pasto ou no confinamento?

Uma das principais indicações é para a manutenção do escore corporal da vaca. A vaca que não emprenhou pode seguir para uma engorda a pasto ou em confinamento. No entanto, o melhor seria fazer uma terminação intensiva a pasto.

“Muitas vezes quando eu pego uma vaca nelore e a levo para um confinamento convencional eu tenho muito refugo de cocho. Esse é um problema. No entanto, no pasto, que já é o ambiente que ela está acostumada, eu posso montar uma estratégia de suplementação”, diz o pesquisador.

Pasto é o ambiente mais indicado para a engorda das vacas para o abate. Foto: Wenderson Araujo/CNA

Alisou e tchau

Segundo o pesquisador, um trato de cerca de 40 dias tem mostrado bons resultados na hora do abate. Além de caracterizar uma carne de melhor qualidade.

“Se ela já estiver com uma meia carne, eu consigo fazer uma adaptação no pasto no ambiente onde ela está. O trabalho que fazemos aqui na APTA é como muitos pecuaristas já fazem. É o famoso “alisou, tchau”, diz Resende.

A pesquisa da unidade mostra que suplementar pouco não resolve o problema. Entretanto, com um pouco mais de investimento e de tempo de cocho, os ganhos serão maiores lá na frente.

“Fizemos uma engorda de 40 dias. Nesse período os nutrientes já estão indo para o crescimento da carcaça”, diz.

Nem mais, nem menos

Mais do que 40 dias, a coisa passa a desandar, pois, as fêmeas tendem a depositar mais gordura do que os machos. Por isso a receita de sucesso na engorda dessa vaca tem de se pautar no equilíbrio. Nem mais, nem menos suplementação ou dias de cocho. 

“O ponto ideal é uma condição corporal de uma vaca, numa escala de 1 a 5, é o escore de 3,5 e 3,75. Esta é uma boa ‘alisada’ na vaca. A quantidade de suplemento vai depender da condição dessa fêmea”, diz Resende.

Confira a reportagem na íntegra no vídeo abaixo:

Ao todo serão 20 reportagens, de todos os ciclos de produção de carne de qualidade, que serão exibidas no programa Giro do Boi todas as sextas-feiras. O programa de TV vai ao ar de segunda à sexta no Canal Rural, às 7h00 (horário de Brasília) e no Canal do Criador, às  13h00 (horário de Brasília).