Rotacionado, alternado ou contínuo: qual o melhor tipo de pastejo para sua fazenda?

Especialista afirma que isso vai depender de algumas variáveis, e dá dicas para que o pecuarista seja assertivo na decisão 

Qual o melhor tipo de pastejo para sua propriedade: rotacionado, alternado ou contínuo? A resposta foi dada no Giro do Boi desta segunda-feira, 25, pelo zootecnista e doutor em nutrição animal André Pastori d’Áurea, coordenador técnico da empresa de nutrição animal Premix, que apresentou informações importantes desses três sistemas e a melhor forma de manejo. 

A primeira explicação do especialista é a distinção de cada sistema:

  • Pastejo contínuo: consiste no acesso da área total da pastagem aos animais, permanecendo o tempo todo na mesma área, sem mudar de área.
  • Pastejo alternado: consiste em trabalhar com o pasto em descanso e outro pasto sendo utilizado pelos animais.
  • Pastejo rotacionado: consiste na utilização de dois ou mais piquetes submetidos a sucessivos períodos de descanso e de ocupação. Durante o período de descanso, ocorre a rebrota da planta forrageira na ausência do animal.

“Pensando numa escala de produtividade, um pastejo alternado bem feito pode ser tão bom quando o pastejo rotacionado. Mas ambos são melhores que o contínuo”, explica d’Áurea.

A principal razão disso se relaciona com a forma de consumo da planta pelo animal. Num pasto contínuo, por exemplo, pode ter áreas onde os animais comem além da conta (superpastejo) e áreas que sobram pastagem (subpastejo).

“O bovino consome preferencialmente ⅔ de uma folha. No pastejo contínuo eu não consigo chegar nesse máximo”, explica o especialista. Por isso, fazer um manejo dessa área vai elevar o nível de consumo, melhorar a qualidade do pasto e permitir o melhor aproveitamento da área e do valor nutricional da planta.

O que é preciso saber fazer o rotacionado?

O pastejo rotacionado é o nível mais alto de um tipo de pastejo da propriedade. Desta forma, ele vai requerer intensificação, tanto sobre a quantidade de animais quanto a quantidade e a qualidade de pasto.

Por isso, antes de partir para esse sistema, o pecuarista tem de fazer uma avaliação do tipo de animais a serem engordados, da fertilidade do solo, e do clima de sua área de produção, em termos de regime de chuvas e sobre a incidência de raios solares. A escolha da variedade de forragem vai depender dessas características.

“O importante é nunca ficarmos atrelados a apenas uma espécie forrageira, porque ela pode até te atender bem no período de águas, mas num período de seca e/ou num período de transição, ela pode não te atender tão bem”, diz d’Áurea.

Manejo dos animais e área

Os estudos de avaliação do sistema de pastejo rotacionado mostra que lotes de até 120 animais são benéficos numa interação por piquete. Se o número passar disso, o sistema acaba sendo prejudicado.

Em geral, o tempo de descanso das forragens, sem o pastejo de animais, pode ser de 21 a 30 dias, e de sete a dez dias no pasto do piquete ocupado. Mas dependendo do sistema, pode ser até um dia de permanência, e 29 dias de descanso.

Agora, dependendo da época do ano, e do estado das pastagens, o pecuarista pode inclusive fazer uma abertura de todos os piquetes permitindo o pastejo total da área.

“Quando colocamos os animais em piquetes rotacionados, eles tendem a consumir as pontas de folhas e a procurar as melhores forragens dentro daquele piquete. Na seca, o animal tende a andar mais no piquete, comer menos e a pisotear mais o pasto, prejudicando o aproveitamento da forragem. Por isso, neste período de seca, pode ser recomendado, sim, abrir todos os módulos e deixar os animais mais à vontade”, diz o especialista.

Confira a entrevista na íntegra: