Ele rodou o mundo pesquisando o agronegócio praticado em outro países e, na bagagem, trouxe de volta aprendizados relevantes para a atividade no Brasil. Nesta quarta, 21, o empresário rural e engenheiro agrônomo formado pela Esalq Ollavo Tinoco contou suas experiências ao ser contemplado com uma bolsa para realizar o intercâmbio da organização não governamental britânica Nuffield.
Tinoco explicou que a ONG foi fundada em 1947 por William Morris, um filantropo britânico que, com o fim da Segunda Grande Guerra, percebendo a necessidade de aumento de produção de alimentos para que ajudar na reconstrução pós-conflito. Deste modo, a partir da Inglaterra, as ramificações da instituição foram crescendo, se estabelecendo com bolsistas em 15 países e pontos de contato hoje em mais de 40 nações, chegando ao Brasil em 2015.
“O objetivo é você trazer experiência e começar onde você está, em sua região. Melhore a sua região e aí você vai melhorar seu estado, e assim por diante”, disse o empreendedor sobre a iniciativa.
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Em entrevista, Tinoco contou sobre sua mais recente viagem pela América, Europa e Oceania, começando pela visita ao Mercado de Liniers, na capital argentina Buenos Aires, uma central de comércio de gado que movimenta entre 7 a 10 mil cabeças por dia. Depois, no Chile, conheceu uma propriedade de gado de leite que contava com uma estrutura para ordenha móvel, que se movimenta pela propriedade uma vez por semana, acompanhando as vacas pelas piquetes sendo tracionada por um trator.
Foto: Ordenha móvel: estrutura sem movimenta pela fazenda uma vez por semana, tracionada por um trator, acompanhando as vacas conforme os piquetes em que estão. Arquivo pessoal / Ollavo Tinoco.
Já na Inglaterra, esteve em uma propriedade leiteira cujo produtor não possuía terras, mas fazia parceria com agricultores para rotacionar as áreas com grãos com pasto a cada três anos. Ainda na Europa, na França, conheceu um produtor de bezerros cujo rebanho era limitado a 40 vacas. Em contraste, quando esteve na Austrália, esteve com uma pecuarista proprietária de uma fazenda de 600 mil hectares com uma lotação média de uma vaca a cada 100 hectares por conta da seca da região. “O legal desta fazenda é que como é muito seco, não tem insetos, não tem doenças, e eles partiram para o animal orgânico. Eles fazem um projeto de boi orgânico lá e isso que eu acho legal, você ver a oportunidade que você tem na sua região”, aconselhou o agrônomo.
A bolsa de Tinoco para o intercâmbio via Nuffield partiu de uma ideia de estudar o processo de sucessão familiar no agro pelo mundo. “É até engraçado porque no começo do meu projeto, eu queria pesquisar leis e impostos, se eles iriam influenciar ou não na sucessão familiar. E inclusive, em alguns países, como por exemplo nos Estados Unidos, não existe a lei que temos no Brasil, em que você é obrigado a passar 50% do seu patrimônio para os seus filhos. Então isso isso acaba forçando até culturalmente uma conversa desde cedo com a família, a gente tem visto que isto infuencia, mas não como o alinhamento familiar. Acho que é o mais importante a família para saber onde os integrantes querem chegar. É até uma pergunta que machuca às vezes, mas precisa ser feita: se a família quer continuar junta, se quer continuar trabalhando junto como empresa, se quer manter este patrimônio junto ou cada um seguir seu caminho. E nesta decisão tudo bem, não tem problema, mas importante isto ser claro e o alinhamento familiar estar no caminho certo. Porque quando a família está unida no objetivo final, todos os obstáculos são ultrapassados tranquilamente”, disse Ollavo.
Veja no vídeo abaixo a entrevista completa com o empresário:
Neste momento, a Nuffield está com vagas abertas para inscrições de empreendedores interessados no programa de intercâmbio. O processo estará disponível até 30 de setembro. As informações podem ser obtidas pelo site da ONG em nuffield.com.br.
