Bezerro bom de genética nasce fácil e cresce rápido, afirma zootecnista

Especialista reforça importância de melhorar a base dos índices produtivos e zootécnicos do rebanho brasileiro, como aumentar o peso médio à desmama no País, que hoje é de 160 kg

Nesta quinta, 05, o Giro do Boi recebeu em estúdio o zootecnista e gerente de contas de gado de corte da CRV Lagoa, Ricardo Abreu. Ele falou sobre a oportunidade de evolução que a pecuária de corte brasileira tem ao inserir o componente genética dentro da porteira. “Dentro do Cepea, a média de desmama de gado de corte no Brasil é de 160 kg. É pouco para o Brasil. Pela que representamos em termos de volume, de quantidade, precisamos agora melhorar a qualidade”, pediu.

Segundo o zootecnista, no programa de melhoramento da companhia, o PAINT, já se avalia touros cuja progênie tem comprovada superioridade no peso à desmama (205 a 210 dias), chegando à média de 230 kg. Daí a importância e a responsabilidade de selecionar bem o reprodutor que será utilizado na propriedade. “Eu não quero um touro que tenha a produção com ‘uma pata no fogão e outra na geladeira’. Ele tem que ser bom para período de gestação, facilidade de parto, que é o peso ao nascimento. O bezerro dele tem que nascer fácil e crescer rápido até a desmama e terminar a carcaça mais cedo”, resumiu.

“Os protocolos de IATF estão muito mais acessíveis a todos. A genética não tem fronteira. Se todo mundo utilizar, nós vamos melhorar cada vez mais na base os índices de produtividade e zootécnicos do nosso Brasil”, reforçou.

Abreu lembrou que há cerca de 15 ou 20 anos, as fêmeas Nelore eram desafiadas à reprodução apenas depois dos três ou quatro anos. “Hoje não é mais assim para quem faz a engrenagem certinha da nutrição com a sanidade, mão de obra qualificada, gestão e a genética”, avaliou.

O zootecnista exemplificou o trabalho básico de seleção genética com uma foto de novilhas contemporâneas que tiveram as mesmas condições ambientais, mas expressaram desempenho muito desigual, conforme ilustra a foto acima. “Nós temos que multiplicar a da direita e apartar e descartar a da esquerda. Todo lote tem cabeceira, meio e fundo. Melhoramento é seleção, descartando o que não queremos e multiplicando o que queremos”, simplificou.

“Nós temos que aprender com quem fez melhoramento genético, como a cadeia produtiva do suíno e do frango. O frango há 20 anos era abatido com dois quilos e levava 60 dias. Hoje você tem o mesmo frango e já tem granja abatendo com 26, 28 dias. O que eles fizeram? Aumentaram a velocidade de ganho de peso. E faz isso através de quê? Melhoramento genético. Nós temos que utilizar animais melhoradores”, salientou.

Abreu comentou ainda a oportunidade que tem o pecuarista que já trabalha com cruzamento para aproveitar a fêmea F1 para produzir em seu ciclo produtivo mais um animal com valor agregado antes de ser descartada. Com um desempenho sólido de ao menos 4 milhões de doses comercializadas por ano nos últimos anos, a raça Angus gera uma boa quantidade de matrizes F1 que podem ser inseminadas com raças adaptadas ou continentais. “Ela deixa uma cria e vai para o abate com uma carcaça excepcional”, classificou Abreu.

Criadores de raças taurinas e adaptadas têm nova opção para escoar produção com valor agregado

Veja a entrevista completa de Ricardo Abreu ao Giro do Boi desta quinta: