Boitel ajuda a tapar os gargalos da engorda intensiva para o pecuarista

Planejamento da aquisição dos insumos, driblando as oscilações do mercado, pode ser a maior dificuldade da engorda em cocho dentro da porteira

“Neste primeiro semestre, mais especificamente no primeiro trimestre do ano, seria muito difícil um pecuarista estar engordando (no cocho), fazendo uma arroba no confinamento a preços competitivos de mercado devido à variação e volatilidade dos preços dos insumos”, disse no Giro do Boi desta quinta, 23, o gerente executivo dos Confinamentos JBS, José Roberto Bischofe Filho.

À exceção de propriedades com grandes estruturas e com naturalidade para trabalhar com travas de mercado ou compras antecipadas, as oscilações dos insumos nos mercado físico podem representar um obstáculo que a engorda terceirizada ajuda o pecuarista a superar.

“Hoje na gestão dos confinamentos o grande gargalo deste negócio seria o planejamento dos insumos. Vamos dar o exemplo do milho: o milho, no final de dezembro, em São Paulo, estava na casa de R$ 50, R$ 49. Depois ele bateu a R$ 60 e hoje ele está voltando aos patamares de R$ 51 ou R$ 52. Então tem uma variação, em três meses nós estamos falando de 20% que o preço do milho subiu e 20% que ele abaixou, voltando aos patamares do final de 2019. Um outro exemplo vem dos derivados de soja, porque é tudo em dólar. Nos derivados de soja, como o farelo de soja, a tonelada custava R$ 1.100,00, foi para R$ 1.600,00 e hoje ela voltou um pouco no patamar de R$ 1.500,00”, disse Bischofe, ilustrando tais oscilações.

No entanto, para o pecuarista que planejou o fluxo de caixa da propriedade neste início de 2020 engordando o “boi das águas” em confinamento, o resultado foi positivo. Segundo Bischofe, por conta da gestão de compra de insumos, os produtores acabaram ficando protegidos destas flutuações. Nos boiteis JBS em todo o país, a média histórica da rentabilidade para o produtor fica na casa de 20%, mas neste início de ano, para quem fechou lotes entre dezembro e janeiro para serem abatidos em abril ou maio, a margem entre o custo da arrobas engordadas em confinamento com o preço da arroba ficou na casa dos 40%.

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No MT, em um exemplo específico, a arroba engordada no boitel em Lucas do Rio Verde custou R$ 130,00 enquanto a arroba foi comercializada por R$ 180,00 em média. Como no período da cocho, de cerca de 100 dias, o boi engorda em média oito arrobas, a margem chegou a R$ 400,00 por animal dentro da operação.

Mas Bischofe ponderou que a margem superior à média histórica se revela a partir de ocasiões e oportunidades pontuais. “A média é sempre melhor do que tentar acertar no alvo em certos momentos do mercado. Então se você fizer um planejamento, faturando todo mês, a fazenda vai ter um fluxo de caixa, entrada de dinheiro todo mês e aí o pecuarista consegue organizar a folha de pagamento, organizar a pastagem”, indicou.

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Um fator que pode ajudar o pecuarista a elevar sua margem nesta operação de engorda em o boiteis é a participação em protocolos de remuneração que premiam a arroba conforme a qualidade dos animais, como o Protocolo 1953 ou a destinação ao mercado externo. “Os confinamentos (unidades JBS) têm uma fatia de 85% de animais abatidos que atendem protocolos de exportação e, atendendo protocolos de exportação, a gente consegue trazer este benefício para o pecuarista. […] É um boi que traz estas remunerações que as praças frigoríficas estão pagando e, através do boitel, isto fica muito mais fácil”, sinalizou.

Além de as estruturas da companhia estarem habilitadas comercialmente para o acesso a estes mercados que remuneram mais, há uma facilitação técnica da engorda de animais neste perfil, com potencial para agregação de valor, conforme apontou o gerente executivo dos Confinamentos JBS. “É muito difícil você fazer um boi gordo a pasto abaixo de 30 meses (que é o desejável pelos mercados que pagam mais pela carne). Praticamente, se você não tiver uma suplementação a pasto e investir em alguma tecnologia, isto se torna muito difícil. E o boitel já tem todas as tecnologias e facilita isto para o pecuarista”, complementou.

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Embora ainda existam incertezas por conta das ocorrências deste início de ano, Bischofe estimou que o cenário do confinamento para 2020 seja bem positivo. “Agora no cenário do Brasil, vem o milho safrinha, vem as colheitas, tem um cenário melhor. Historicamente o segundo semestre é um cenário de insumos mais baratos e, tendo um cenário de insumos mais baratos, este custo da arroba produzida tende a se abaixar um pouco. […] Então esta margem dentro do cocho para o segundo semestre tende-se a manter ou até aumentar um pouco”, projetou.

As unidades de engorda da JBS estão distribuídos no Brasil nos municípios de Terenos, no Mato Grosso do Sul, Castilho e Guaiçara, em São Paulo; e Lucas do Rio Verde e Nova Canaã do Norte, em Mato Grosso. Em breve, a companhia deverá expandir as unidades, acrescentando ao mapa boiteis em Rio Brilhante-MS, Confresa-MT e Campo Florido-MG.

Nos boiteis, as modalidades de negócios são quatro: diária, parceria, ração por kg e arrobas engordadas. “Lembrando que não tem desembolso de frete, não tem desembolso da engorda, tudo é descontado e acertado no final, na hora que o boi é abatido. Além disso, quando o lote sobe na carreta da JBS, se morrer algum animal ou se tiver algum rejeito de cocho, tudo isto o boitel da JBS garante ao pecuarista”, acrescentou. Segundo Bischofe, para produtores que estão em outros estados, mas dentro do raio de atuação do boitel, é possível também haver reembolso de parte do ICMS.

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O contato para os produtores interessados em escalar animais ou receber mais informações pode ser feito pelo [email protected].

“Nós temos que ser otimistas, nós temos que confiar na pecuária, que é um dos pilares do Brasil, um dos pilares fortes. Em 2020 nós vamos romper o vírus e, com certeza, nós vamos produzir mais animais e com mais qualidade”, concluiu Bischofe.

Confira a entrevista completa com o gerente executivo dos Confinamentos JBS: