Vacina mal aplicada e até cachorro podem contaminar ser humano com brucelose

Produto usado para diagnóstico não oferece risco e custa cerca de R$ 0,60 por cabeça para fazer a prevenção; conheça os sintomas, formas de prevenir e outras fontes de infecção

Nesta segunda, 12, o Giro do Boi levou ao ar entrevista do repórter Marco Ribeiro com Ricardo Jordão, pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo, o IB. Em pauta estiveram a relevância sanitária e econômica das doenças brucelose e tuberculose para a pecuária e também a sociedade brasileira.

“Os animais têm queda na produção, a doença pode fechar barreiras para exportação e também impossibilita o trânsito de animais. […] O prejuízo econômico é muito grande e por isso só já justificaria fazer o controle”, informou Jordão, acrescentando que uma possível transmissão das doenças aos seres humanos é uma das mais graves consequências.

Jordão alertou para as formas de contaminação da doença em humanos e uma delas vem da alimentação. A presença de queijo e leite não pasteurizados na dieta pode representar riscos. Outra forma de contágio é por meio do jato de urina dos animais. Por exemplo, um inseminador, mesmo que esteja usando luvas para o toque nas matrizes, pode ser infectado com o aerossol de urina caso não esteja utilizando máscara.

A vacina da doença também pode ser fonte de contaminação. Diferente do produto usado para diagnóstico, que utiliza partes mortas da bactéria para detectar a doença e não oferece risco, a vacina é composta por amostras vivas da bactéria. “Para o diagnóstico, o antígeno é desativado e não tem risco de contaminar o ser humano. Só que a vacina tem e é por isso que é importante o colega que vacina os animais cumprir rigorosamente as boas práticas de vacinação porque se ele se inocular, ele se inocula com a vacina viva. Às vezes este tratador não percebe os sintomas e não relaciona. […] Pode ser Brucella. É importante passar o histórico para o médico porque ele não vai se contaminar e ter problema na hora. Vai apresentar problemas daqui a vários anos. E nem vai se ligar na hora que estiver no consultório que três anos atrás, por exemplo, ele se infectou com a vacina”, alertou.

Jordão listou uma série de sintomas que devem ser levados em consideração para identificar um possível caso de Brucella:

– Depressão;
– Dores pelo corpo em geral;
– Cansaço;
– Problema reprodutivos, como aborto e dificuldade para engravidar;
– Lesões ósseas.

“Desconfiem disto e não relaxem com o uso de EPI (equipamentos de proteção individual) no campo”, recomendou.

Os cães também podem ser portadores da doença e, portanto, um foco da zoonose na propriedade. “Tem estudos de Brucella infectando cão. E qual propriedade não tem cães? […] Como o cão não faz parte do controle do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ele não está dentro do programa sanitário, mas a preocupação existe porque o cachorro está ali circulando, ele pode ser um veículo”, avisou Jordão.

O pesquisador do IB acrescentou ainda que quando houver suspeita de contaminação do animal de estimação, é ideal que se faça teste para os dois tipos de brucelose: rugosa e lisa, que podem variar dependendo da fonte de contaminação do cachorro.

DIAGNÓSTICO

Segundo Jordão, um frasco do produto que serve para diagnosticar o problema custa cerca de R$ 100 e pode realizar até 160 testes, uma média de R$ 0,62 por cabeça. “É ideal para todo veterinário, pois é um teste barato e rápido para fazer”, afirmou.

Veja a entrevista com o pesquisador Ricardo Jordão na íntegra dividida abaixo em duas partes:

Parte I

Parte II