CEIP garante bezerros 40 kg mais pesados na desmama com custo de R$ 40 por cabeça ao ano, calcula veterinário

Entre outros benefícios está também incremento de 100 kg no peso ao sobreano dos filhos de touros ceipados quando comparados com a média nacional

Por R$ 40 reais por vaca ao ano, o criador que decide integrar o CEIP – Certificado Especial de Identificação e Produção – tem uma série de incrementos na produtividade. Entre eles, uma média de 40 kg a mais no bezerro desmamado e 100 kg a mais no sobreano quando os números são confrontados com a média nacional. Foi o que assegurou ao Giro do Boi desta segunda, 04, o médico veterinário Cesar Franzon, presidente do Conceip, uma entidade representativa dos programas emissores do CEIP e que congrega oito programas de melhoramento genético que trabalham com o certificado. De acordo com ele, os números foram apontados por trabalhos científicos desenvolvidos por universidades.

Mas embora esteja em expansão (o número de selecionadores chancelados pelo CEIP cresceu 23,5% nos últimos dois anos), esta não é a única alternativa para quem deseja ter os incrementos de produtividade. “O touro CEIP sai muito barato. Se a gente for pensar que um filho de touro CEIP é 40 kg mais pesado na desmama, isso na comparação com a média nacional, e ele é até 100 kg mais pesado no sobreano, aí já pagou a conta. […] Você consegue adquirir esses animais com grande facilidade hoje no Brasil”, acrescentou.

A expansão se dá por conta da evolução de outras áreas da pecuária de corte, que quando bem desenvolvidas, encontram na genética um fator que limita o crescimento da atividade. “Muitos produtores investindo em gestão, em infraestrutura, estão buscando cada vez mais se tecnificar para produzir mais na área que têm. E eles acabaram chegando em um fator limitante, que é a genética. Então com essa carência da genética, muitos deles foram buscar uma melhoria em programas de melhoramento genético”, apontou Franzon.

O programa indica os animais superiores de sua mesma safra com uma espécie de “mão de ferro”. “Porque dá certificado especial para apenas 20% a 30% dos animais produzidos naquela safra. É um número apertado, um processo seleção rígido”, classificou o veterinário.

“Nós temos programas em várias raças. A principal delas é o Nelore, mas tem dentro do Angus, Brangus, Braford e Hereford, o Montana. […] E um criador entrando nesse sistema, principalmente no Nelore, que é maior parte do Brasil, se ele entrar em um programa desse ele vai ter um desembolso por vaca que está dentro do programa colocando seus filhos, são R$ 40 por ano por vaca. […] Esse é o investimento para você ter um bezerro de maior qualidade, mais pesado, mais precoce, fêmeas que vão produzir mais”, reforçou, acrescentando ainda que o CEIP também tem uma pega de sustentabilidade, pois reduz o impacto ambiental por meio da produção de um animal em menos tempo e produzindo mais carne.

“Agora a gente está num momento de cada vez mais agregar valor e mostrar pro mercado que a gente tem qualidade e que o produtor cada vez mais tem que investir nessa qualidade. Se a gente for ver, os próprios frigoríficos já estão pagando por qualidade. A gente tem os protocolos e todos estão aderindo a isso”, enalteceu.

VACA CHANCE

Conforme apontou Franzon, com uma taxa de natalidade acima de 80% em rebanhos que integram CEIP, além de idade ao primeiro parto de 24 meses contra médias nacionais de 65% e 36 meses, respectivamente, o programa viabiliza uma caçada à chamada “vaca chance”.

“O que acontece muitas vezes no Brasil é a “vaca chance”. […] É aquele vaca que passou vazia de um ano para o outro. Esse produtor não tem reposição para colocar no lugar e ele acaba deixando esta vaca chance. Ela significa prejuízo, vai estar vazia o tempo todo na fazenda dele passando aquele ano ocioso. Se ele está no programa, está fazendo melhoramento, ele sempre vai ter reposição, o volume de descarte dele diminui, ele consegue fazer a reposição e tocar o trabalho com maestria sem ter muita dor de cabeça”, sustentou.

Atualmente o CEIP, programa criado em 1995 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para garantir que os animais que recebem este reconhecimento sejam, de fato, muito superiores à média entre seus contemporâneos, reúne 304 selecionadores em 18 estados, com um rebanho que já chega a 2,3 milhões de cabeças.

Veja a entrevista completa no vídeo abaixo: