Como saber se minha pastagem está degradando?

Ferramenta desenvolvida por agrônomo aponta através de gráfico com base em quatro variáveis o nível de degradação do pasto

“O diagnóstico é a parte mais importante porque não existe receita de bolo”, destacou o engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, embaixador de conteúdo do Giro do Boi no quadro “Pastagem de A a Z”.

Embora seja a parte mais importante, ainda é baixo o número de pecuaristas que se preocupam com o diagnóstico das pastagens e, por isso, Pires desenvolveu uma ferramenta que facilita o trabalho do produtor. “Eu convido você agora a conhecer uma tecnologia muito simples. É o diagnóstico Wagner Pires. […] (Serve para você) explicar para o seu vaqueiro e para você mesmo entender como ocorre o processo de degradação”, explicou.

A ferramenta é, na prática, um quadrante que contempla as variáveis: infestação de plantas daninhas; infestação de outras gramíneas; fertilidade do solo; e população da forrageira estabelecida no piquete.

Para cada uma das variáveis, conforme ilustrou Pires, o pecuarista dá uma nota de 0 a 10 para a sua pastagem e os resultados indicam o manejo mais adequado para recuperar – ou reformar – a área. Veja as instruções:

– Verde 1: “Eu dividi este diagrama em quatro parte e dei cores diferentes. Este primeiro quadrante que eu chamo de verde nº 1, seria tudo de bom na sua fazenda. Poucas plantas daninhas, alta fertilidade, muito capim e alguma coisinha de outras plantas. É um pasto bom, vigoroso, que cresce rápido, rebrota rapidamente. Você não pode esquecer que se não fizer a manutenção na sua pastagem, ela vai estragar. Então no pasto verde você deve fazer manutenção, análise de solo periodicamente a cada dois anos, fazer uma reposição de nutrientes, uma catação para eliminar as plantas daninhas e assim por diante. É o lugar que você mais gado vai colocar na sua fazenda”.

Amarelo 2: ‘O amarelo dois é uma situação que já está degradando, como o amarelo 3 também. A diferença do amarelo 2 é que eu tenho muitas plantas daninhas, mas por baixo destas plantas daninhas eu tenho muito capim. Eu tenho também uma boa fertilidade e uma alta população de capim. Neste quadrante amarelo 2 é onde o herbicida encontra o seu melhor resultado. Você pode fazer o uso do herbicida que você vai ter resultado positivo porque você rapidamente vai eliminar as plantas daninhas e o pasto vai desafogar e vai se desenvolver, então você muda rapidamente do amarelo 2 para o verde com um custo e um investimento pequeno”.

Amarelo 3: “É uma área mais complexa porque você tem baixa fertilidade, pouco capim, não tem muitas plantas daninhas, como também não tem muitas outras plantas. Mas você tem solo compactado, já é início de erosão, então você tem que fazer uma ressemeadura, melhorar a fertilidade gradativamente e aí este pasto aos poucos vai caminhando para a condição verde’.

Vermelho 4: É um pasto que se acabou, está degradado, não vale a pena você tentar recuperação neste pasto, a não ser que este pasto esteja localizado em uma área de declividade muito grande, aí sim nós vamos nos sujeitar a fazer uma recuperação”.

Pires destacou que é importante entender qual o diagnóstico do seu pasto porque isto pode poupar recursos ou aplicá-los de forma a trazer resultado mais expressivo. “O custo da reforma de pastagem hoje aqui no Brasil gira na faixa de R$ 1.700,00 a até R$ 2.000,00 por hectare, isto incluindo recuperação de fertilidade. O custo da recuperação de pastagem vai ser no máximo metade deste valor. Ou seja, você vai fazer 200 hectares de reforma ou 100 hectares de recuperação”, calculou.

O agrônomo também alertou que o risco ambiental da reforma é maior, pois caso haja veranico, as sementes não vão germinar e o produtor perde o investimento. Já com a recuperação, o pecuarista pode realizar o manejo pouco a pouco, conforme se apresentam as condições financeiras e climáticas, por exemplo.

Veja o episódio completo do quadro “Pastagem de A a Z” no vídeo abaixo:

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