Como suplementar as diferentes categorias de bovinos em meio à seca?

Médico veterinário e doutor em ciência animal explica quais as exigências nutricionais de cada categoria e como formular a suplementação de modo que a rotina da fazenda não fique atrapalhada

O que faz uma fazenda de ciclo completo, por exemplo, quando sua região atinge a entressafra, os pastos secam e existem diversas categorias de animais precisando ser suplementadas? O médico veterinário, mestre e doutor em ciência animal e pós-doutorando pela USP de Pirassununga Rodrigo Goulart respondeu a esta pergunta em participação no Giro do Boi desta quinta, 09.

“Se eu tenho uma fazenda de ciclo completo, e aí eu tenho desde vacas em reprodução até novilhos e boi gordo pronto para abate, eu tenho diferentes categorias com diferentes exigências nutricionais e isso afeta diferentemente no período seco do ano”, introduziu o pesquisador.

Mas nem sempre formular uma dieta para cada categoria é a solução, ponderou Goulart, pois poderia criar um problema ainda maior ao atrapalhar a rotina da fazenda. “Basicamente, de forma simplificada, o que a gente precisa entender é que, dentro de cada categoria, o que a gente precisa avaliar antes de tudo é a viabilidade econômica. A questão da suplementação a pasto, principalmente no período seco do ano, preciso levar em conta a viabilidade econômica. […] Ela é definida em função da minha meta”, indicou.

Por exemplo, se a meta do produtor é desmamar bons bezerros para comercialização, o criador deve projetar o valor de venda, com quantos quilos precisa desmamar os bezerros e converter esta meta em suplementação das vacas que estão em amamentação.

Caso a meta seja atingir um bom índice de prenhez, deve-se ter em mente que novilhas tem alta exigência nutricional, maior do que a das multíparas, por exemplo, e devem ser bem suplementadas para seca não somente para manter escore, mas sabendo que ainda estão em crescimento.

Mas pôr em prática esse plano de ação não é atividade para quando a seca já bateu à porteira da fazenda. “A preparação para o período seco do ano não começa em abril, ela precisa começar em fevereiro, março, quando preciso definir as áreas de pastagem para fazer diferimento de pasto e ter o que muita gente chama de feno em pé ou pasto seco entre os meses de abril a setembro”, revelou Goulart. Com o feno em pé, além de garantir boa alimentação para os animais, é possível poupar na hora de comprar a suplementação.