Confira três dicas para ter sucesso na TE e FIV

Segundo pesquisador, Brasil possui a indústria mais forte do mundo para produção de embriões in vitro; tecnologia pode ser utilizada para acelerar o melhoramento genético

O convidado do Giro do Boi desta quinta, 15, foi o biólogo, mestre em genética e toxicologia aplicada e PhD em ciências biomédicas, Juliano Coelho da Silveira, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga-SP. O especialista falou sobre os avanços das pesquisas e do mercado de novas técnicas de reprodução, a transferência de embriões e a fertilização in vitro.

O Brasil responde hoje por 67% do mercado mundial de embriões produzidos in vitro, de acordo com o último relatório da Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões, datado de 2015. “O Brasil tem a indústria mais forte de produção in vitro de embriões no mundo, está liderando o mundo em termos de produção”, reforçou Silveira.

Entre os fatores responsáveis pela popularização da técnica estão a curva de aprendizado referente ao seu uso correto, seu potencial para acelerar o melhoramento genético e, ainda, a redução de seu custo, apontou o pesquisador.

Juliano destacou que o erro mais comum entre os produtores que usam a técnica de reprodução está associado à ansiedade de melhorar os indicadores, o que acaba acelerando em excesso o processo sem uma sintonia fina. “Na verdade os erros eu digo que, do inglês, a gente diz fine tunning. Quando tem aquele rádio antigo e tem o botão de sintonizar rádio, o nome deste botão é tunning. E fine tunning é você acertar a estação”, comparou.

Neste momento, a dedicação do professor está voltada a uma pesquisa que quer entender melhor como funciona a interação, ou a “conversa”, entre o embrião e sua matriz para apontar com precisão quais são os fatores que mais influenciam no sucesso ou não da transferência de embriões.

“Um dos produtos desta pesquisa que a gente está fazendo é para compreender essa “conversa” entre o embrião e a mãe e, à medida que a gente compreende essa conversa em um período crítico da gestação a nossa ideia, então, é submeter animais a estresses, ou seja, temperatura, como excesso de calor, falta de nutrição, para entender um pouco melhor cada um desses manejos e como eles podem influenciar a conversa do embrião com a mãe. É pesquisa básica mesmo, mas que a longo prazo é aquele tijolinho que a gente coloca no conhecimento”, revelou Juliano.

Silveira acrescentou que o período crítico citado por ele está pouco depois da segunda semana de gestação. “O período crítico está entre os dias 16 e 19, que é quando se o embrião não sinalizar que ele está lá dentro da mãe, a gestação é perdida”, especificou.

Ao encerrar a entrevista, o pesquisador listou três dicas para o produtor ter sucesso ao utilizar as técnicas de reprodução como fertilização in vitro e transferência de embriões:

– Manejo: pessoal bem treinado e estruturas adequadas para o trabalho, em linha com o que preconiza o bem-estar animal;
– Seguir à risca os protocolos: inclui atenção para os momentos em que cada etapa deve ser cumprida, como a aplicação das vacinas;
– Escore corporal: respeitar as condições nutricionais das matrizes para que respondam ao protocolo.

Para os produtores ou profissionais da reprodução que tiverem dúvidas, o pesquisador deixou à disposição seu contato pelo e-mail [email protected]. Outras informações podem ser obtidas pelos links que seguem:

+ Projeto busca aprimorar reprodução assistida em bovinos

+ Mecanismo que compromete o sucesso da produção de embriões bovinos é desvendado

Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo:

Imagem: montagem sobre fotos de Marcos Santos / USP Imagens