Coproduto do milho, DDG tem se mostrado boa alternativa para dieta bovina

Ingrediente pode substituir de forma integral e mais barata a fonte proteica e até parte da fonte energética nas dietas de suplementação na recria ou engorda de gado de corte

O que significa DDG e qual é a sua utilidade nas dietas de bovinos de corte? Uma pesquisa feita em parceria entre a Unesp do Campus de Jaboticabal-SP e a Trouw Nutrition buscou responder algumas das dúvidas relacionadas a este produto, que pode ser usado como alternativa de fonte proteica e até energética na recria e engorda intensivas. Quem falou sobre o tema foi a zootecnista e gerente de pesquisa e desenvolvimento da Trouw Nutrition, Josiane Lage.

“Ele vem de um termo inglês e que a gente traduz para o português como grão seco de destilaria. Ele é um um coproduto que aqui no Brasil (seu uso) é mais recente, mas já há mais de cem anos este coproduto já tem sido estudado e utilizado nos Estados Unidos. As primeiras ideias e primeiros trabalhos que a gente buscou pra poder entender como a gente ia aplicar este coproduto aqui no Brasil foram baseados nos trabalhos americanos. Ele é um coproduto derivado da agroindústria do etanol. Para produzir etanol, utiliza-se o amido que é presente em grande parte no grão de milho, principalmente milho, mas pode ser de outros grãos, como, por exemplo, o sorgo […], e a gente remove todo esse amido para produzir o etanol. Este coproduto então sobra desta produção de etanol e a gente precisa dar um destino para ele. O principal destino é a nutrição animal, principalmente de bovinos de corte”, disse a zootecnista.

“Quando começou a produção de etanol na região do Mato Grosso, importante a gente falar que é bem regionalizada a produção de DDG, de etanol de milho, que é no Mato Grosso, as principais plantas estão lá, veio a demanda de uma indústria mesmo porque o produto ainda não era registrado no Mapa para utilização na nutrição de bovinos, então a gente precisava começar a testar”, justificou Lage.

O estudo em parceria com a Unesp durou cinco anos avaliando animais que entravam para suplementação nas águas e na seca, além de terminação a partir do confinamento expresso a pasto (terminação intensiva a pasto) e confinamento convencional. “Foram animais em média terminados com 24 meses de idade, aproximadamente 520 kg, mas eles chegavam para uma suplementação nas águas em que a gente usava um proteico energético, é importante a gente falar, e continuavam na terminação na seca ficando praticamente oito a nove meses dentro da faculdade”, contextualizou.

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O estudo avaliou desempenho, emissão de metano, produção de carcaça e produtividade para concluir que o DDG, cujo teor de proteína varia de 30 a 32% pode substituir a fonte proteica da suplementação a pasto e no cocho e, possivelmente, até parte da fonte energética.

“Tem trabalhos que mostram que o animal ganha mais peso e é mais eficiente. Nos trabalhos que a gente fez na Unesp, a gente não encontrou maior ganho de peso, mas quando a gente substitui 100% da proteína, tanto do suplemento de águas ou 100% da proteína de dieta de terminação em relação ao ingrediente que a gente usava, que foi o farelo de soja, […] os animais tiveram um resultado similar. […] É importante porque o produtor consegue reduzir o custo da dieta”, disse a especialista, uma vez que o custo do DDG é menor em relação ao farelo de soja.

“Ele é um coproduto mais barato que a soja e tem preço similar ao milho. A gente também pode substituir ele em relação ao milho. […] porque ele também é rico em energia e ele tem uma concentração de proteína bem maior que a do milho. […] É importante o produtor avaliar essa questão na hora que ele decidir incluir o DDG na dieta”, indicou Josiane.

A zootecnista explicou que é importante o produtor avaliar o uso do DDG junto ao nutricionista responsável pela dieta do gado de corte para se certificar da substituição correta da fonte proteica e ou energética, de modo que a formulação da ração fique balanceada.

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Josiane deixou seu e-mail à disposição para produtores com dúvidas sobre o uso de DDG na dieta do gado de corte: [email protected].

Veja a entrevista com Josiane Lage, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Trouw Nutrition, no vídeo a seguir: