Do Pampa para todo o Brasil, capim-annoni vira dor de cabeça para pecuaristas; pesquisador dá dicas de controle

Planta assusta produtores pela alta capacidade de produção de sementes e por ameaçar outras espécies de pastagens nativas ou cultivadas

Ela tem origem na África e chegou ao Brasil como alternativa para alimentar o gado, mas se tornou um problema como forrageira invasora das pastagens de difícil controle. Além do baixo valor nutricional, desgasta a dentição dos animais por ser fibrosa em demasia e, com sua grande capacidade de produção de sementes, se alastra com velocidade. Este é o perfil do capim-annoni, que tem preocupado produtores brasileiros, começando pelos localizados no Bioma Pampa e depois se alastrando pelo país.

Nesta quarta, 1º, o Giro do Boi levou ao ar entrevista com o engenheiro agrônomo Naylor Perez, mestre e doutor em ciências agrárias, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, unidade de pesquisa com sede em Bagé, no Rio Grande do Sul. Ele explicou que o nome capim-annoni tornou-se ainda um nome comum para várias espécies de gramíneas que tem o mesmo comportamento.

O capim leva prejuízos aos produtores, principalmente, por quatro razões:

1 – Tem baixo teor nutricional: é fibroso e possui pouca proteína;
2 – Pode desgastar a dentição dos animais justamente por ser duro;
3 – Propaga-se facilmente porque produz muitas sementes;
4 – Pode comprometer espécies nativas do Bioma Pampa.

“É uma espécie que fica verde ano inteiro, produz grande quantidade de sementes, produz bem em solos fracos, então tem um aspecto vegetativo interessante. Mas quando a gente foi analisar aos olhos da ciência a qualidade dela, tem um material de baixa qualidade, baixo valor nutricional, então resulta em pouco desempenho animal, levando a uma série de problemas”, explicou Perez.

O pesquisador repercutiu durante sua participação no programa um artigo em que é co-autor, denominado “7 mandamentos do bom pastor”, reunindo dicas de manejo para o produtor fazer o controle das espécies de capim-annoni:

1 – Não revolver o solo;
2 – Não dessecar toda a vegetação da pastagem;
3 – Verificar as áreas propícias para a infestação;
4 – Deixar em quarentena animais oriundos de áreas infestadas;
5 – Manejar o pasto adequadamente;
6 – Controlar plantas adultas indesejáveis;
7 – Construir e manter a fertilidade do solo em níveis adequados.

O pesquisador lembrou de uma das soluções propostas pelo projeto de pesquisa MIRAPASTO, o Método Integrado de Recuperação de Pastagens, da Embrapa, que visa ajudar o pecuarista a controlar o capim-annoni e outras invasoras similares. Um destes métodos utiliza a aplicação seletiva de herbicida com uma máquina que direciona herbicida somente para as plantas mais altas do piquete, visto que o gado não come o capim-annoni e ele se desenvolve mais que a espécie forrageira.

Veja mais detalhes na entrevista completa com Naylor Perez:

Foto: Reprodução / Embrapa