"É dar comida pro vilão", diz agrônomo sobre adubar pasto com planta daninha

Especialista esclareceu qual o momento ideal de adubar os piquetes e o tempo de espera entre a aplicação do herbicida e o primeiro pastejo

A ordem dos fatores, nesse caso, altera o produto. Em entrevista ao Giro do Boi desta quinta, 04, o engenheiro agrônomo Gabriel Gurian, da Gurian e Furlan Representações, representante comercial da linha de pastagem da Corteva Agriscience, reforçou um recado que foi destaque recente do Giro do Boi: não adubar o pasto antes de controlar a infestação de plantas daninhas.

É dar comida pro vilão porque a planta daninha, no pasto, é o vilão do jogo. Se você aduba o pasto com planta daninha, como ela tem um sistema radicular altamente eficiente, ela vai consumir esse adubo muito mais rápido do que a própria gramínea e, consequentemente, vai dominar as pastagens e o gado não vai ter o benefício do incremento do adubo na forrageira, que é o alimento do gado”, observou o especialista.

Gurian salientou que não há igualdade competitiva quando gramínea e a planta daninha, geralmente mais adaptada ao ambiente, começa a competir.

A planta daninha tem um sistema radicular mais eficiente, ela absorve melhor. Estando no pasto, a planta já está competindo por água e luz com a forrageira. E a comida, é óbvio. Aí você joga mais comida, tem dois se alimentando. E ela é mais rápida e vai levar vantagem. Infelizmente não tem como, é dar comida para o vilão”, frisou.

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O agrônomo apontou quando a aplicação do adubo é recomendada. “Após a utilização do herbicida, você pode fazer uso junto com o adubo. Fazendo a adubação, imagine essa planta recebendo uma adubação sem nenhum competidor com ela?”, perguntou de modo retórico.

Gurian também confirmou qual o período ideal para retomar o pastejo sobre uma área que recebeu herbicida. “É rápido! […] Após 30 dias a gente libera o pastejo. É importante a gente indicar a espera de um período entre a aplicação e o primeiro pastejo, mas não por questões de problema do herbicida com o animal. Não é por isso. A ideia é que o capim consiga ter o restabelecimento de um tamanho ideal para que o pecuarista consiga iniciar todo o processo de altura de pré-pastejo e pós-pastejo”, justificou.

Gurian disse que depois de aplicar o herbicida e fortalecer a condição da forrageira, o próprio capim vira ferramenta para controlar novas plantas invasoras. “A forrageira também é algo muito importante no controle da planta daninha. Quando você rapa o pasto, você abre pontos de luminosidade para que a sementeira da planta daninha germine e saia. Por isso que após o período da seca é que começa a maior infestação das plantas daninhas. Mas com esse intervalo mínimo de 30 dias, ele consegue iniciar o processo, o programa de todo período de pré e pós pastejo com altura ideal para cada forrageira”, ressaltou.

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A boa notícia é que o produtor brasileiro está cada vez mais aberto ao uso de tecnologias, como os herbicidas para pastagens. Entre os avanços mais recentes da área está o lançamento da tecnologia Ultra-S, da própria Corteva, que conta com princípios ativos mais concentrados que facilitam o controle da matocompetição nos piquetes.

“O pecuarista brasileiro ele é altamente aberto e grato por receber tecnologias. (A linha Ultra-S) vai propiciar avanços para ele, de uma forma geral, em diversos aspectos, como sustentabilidade para o sistema”, alegou. “A chegada do Ultra-S proporcionou para ele controlar essas plantas daninhas (anuais e bianuais) com uma quantidade menor de produto e com a alta eficácia. Nós atingimos 90 a 95% de controle das principais plantas daninhas anuais e bianuais que nós temos no bioma Cerrado e também que nós temos em todo o Brasil. Plantas anuais e bianuais representam em torno de 50% do mercado de herbicidas do Brasil. […] Então ele está aberto a tecnologias, se engana aquele que pensa que o pecuarista não está atento ao que vem de novidade no mercado. O maior exemplo é esse. Ele já está usando adubo nas pastagens, vem aumentando o uso de herbicida porque ele sabe que, para produzir e para ter uma boa produtividade na propriedade e uma maior rentabilidade, ele precisa fazer uso das tecnologias”, reconheceu.

O agrônomo detalhou os diferenciais da nova tecnologia. “A tecnologia Ultra-s tem dois princípios ativos, o 2,4 D e aminopiralide, mas em maior concentração. Os químicos da companhia conseguiram fazer uma nova formulação, uma formulação faixa azul, com menor toxicologia ao aplicador e, consequentemente, nós estamos utilizando uma menor dose, uma menor quantidade de produto por hectare. Nós também estamos tendo um benefício na cadeia global de sustentabilidade, ou seja, é menos consumo de óleo diesel nos caminhões para transportar esse produto da indústria ao pecuarista, é menos consumo de embalagem, também tem o frete de retorno, da devolução desta embalagem aos postos de recebimento de embalagens vazias e isso é muito importante. O Brasil é um país em que os produtores têm um dos maiores índices do mundo de devolução de embalagens vazias e isso é gratificante e pouco conhecido pela população geral. Tudo isso está englobado no sistema da linha Ultra-S”, valorizou.

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Em sua participação no Giro do Boi, o agrônomo disse até quando a janela de aplicação de herbicidas para pastagens se estende dentro do período das águas. “A gente libera aplicação até no máximo 15 dias após a última chuva na área, porque daí em diante começa a dificultar a translocação (do princípio ativo) nessa planta. Ela começa a sofrer mais com a falta de chuva. Mesmo sendo uma planta daninha eficiente, ela começa também a paralisar reduzir a sua translocação e, consequentemente, nós não vamos obter um resultado satisfatório no controle delas, então a gente para”, esclareceu.

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“Nós tivemos um problema esse ano aqui em janeiro, algumas regiões com chuva abaixo da média, então nós fomos obrigados a parar algumas aplicações. Mas agora em fevereiro já estão voltando as chuvas novamente aqui em Goiás e as previsões para a primeira quinzena de fevereiro são bastantes otimistas em quantidade de chuvas. E aí nós vamos intensificar as ações de controle de plantas daninhas. De toda forma, as pastagens também precisam dessas chuvas para a gente conseguir intensificar a nossa produtividade e produzir carne para essa brasil, esse mundo afora e também adiantar a boiada para levar para o confinamento”, concluiu.

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Pelo vídeo abaixo é possível assistir a participação completa de Gabriel Gurian no progra desta quinta, 04: