Exportação em alta aumenta demanda por animais rastreados

No Brasil, entretanto, apenas 1.700 fazendas de gado de corte estão aptas a comercializar a carne bovina que produzem para o mercado externo

Destaque no Giro do Boi desta segunda, 29, para uma oportunidade que muitas vezes passa despercebida pelo pecuarista brasileiro, a rastreabilidade do rebanho, que pode servir como ferramenta para captura de valor pela carne produzida por viabilizar a exportações para mercados mais exigentes, como é o caso dos países europeus, por exemplo.

Para falar sobre o tema, o convidado do programa foi o sócio diretor de uma das empresas habilitadas a atuar no setor, o Serviço Brasileiro de Certificações – SBC (http://sbcert.com.br), o zootecnista Sérgio Ribas. O profissional destacou que o volume de animais rastreados tem variado de modo inexpressivo na última década, mas que pelo momento favorável às exportações, o número cresceu em 2018 na comparação com 2017, embora a evolução tenha sido baixa. Atualmente, o Brasil possui 1.700 fazendas habilitadas para este tipo de exportação, que somam um rebanho de 4,5 milhões de cabeças rastreadas.

Mas não é a apenas a premiação da indústria por animal rastreado, geralmente de cerca de R$2/@, que chama a atenção do pecuarista. Segundo Ribas, a gestão da propriedade também é impactada de modo positivo. “Requer uma disciplina. […] Não é agregar só o valor final no prêmio do boi, é agregar controle, gestão, mudanças de cultura, disciplina em sua fazenda e, no final, você vai agregar o ágio que as indústrias pagam pelo animal rastreado”, listou. “Às vezes o ganho que o produtor tem indireto é muito maior que o ganho direto. O ganho direto é aquele ágio que a indústria paga no boi rastreado, mas o ganho indireto é muito maior no contexto geral, está no ganho da gestão e é a isso que a gente precisa dar muito valor”, completou.

Ribas ainda detalhou o passo a passo para o pecuarista que quer aproveitar esta oportunidade de melhorar a gestão e agregar valor ao seu produto final através da rastreabilidade. “O protocolo de certificação começa com um cadastro básico na sua propriedade. Então o produtor faz todo o cadastro de sua propriedade, faz o pedido dos brincos e aí vai ele vai fazer um inventário da sua fazenda. Como você é obrigado a certificar 100% do gado, você já começa a sua gestão. […] Depois o pecuarista vai chamar a certificadora que ele escolher e aí nós vamos fazer uma inspeção conforme a instrução do Sisbov, e aí sim encaminha para o certificado, aguarda os prazos que devem ser aguardados, e comercializa os animais com o frigorífico para a Europa”, explicou.

“No meu ponto de vista, com as contas que fiz, independente da tecnologia que ele vai agregar e os custos que ele vai assumir, acima de 200 animais (abatidos ao ano), as contas já são positivas”, calculou.

Confira a entrevista e as contas completas pelo vídeo abaixo: