JBS participa de sessão de perguntas e respostas sobre a Plataforma Pecuária Transparente

Executivos da companhia atendem telespectadores com dúvidas sobre cadastro e segurança das informações inseridas no sistema e sobre aplicação dos recursos do Fundo pela Amazônia

Em participação durante edição especial do Giro do Boi que foi ao ar nesta segunda, 28, o presidente da Friboi Renato Costa e o diretor de sustentabilidade da companhia, Márcio Nappo, responderam dúvidas de profissionais da pecuária de corte sobre o lançamento da Plataforma Pecuária Transparente e do Fundo pela Amazônia, ambas iniciativas do Programa Juntos pela Amazônia, anunciado pela companhia na última quarta-feira, dia 23/09.

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Veja abaixo as dúvidas e as considerações dos executivos:

– Eu queria entender qual é o escopo desse Fundo Pela Amazônia, que a JBS está promovendo, e a qual tipo de pecuarista ele se destina: pequeno, médio ou grande. (Leonardo Resende, sócio e gestor Fazenda Triqueda, em Coronel Pacheco-MG)

Márcio Nappo: “A gente na verdade está atuando com duas frentes de trabalho. Uma é todo o suporte que a Friboi vai dar para todos os seus fornecedores, para os pecuaristas, para que a gente possa resolver os problemas ambientais dentro da fazenda e seguir com uma pecuária sustentável. Então isso é uma ação dentro da nossa cadeia de valor (Plataforma Pecuária Transparente)”, separou o diretor de sustentabilidade. “A outra iniciativa do programa, é que o Fundo pela Amazônia, vai para além da cadeia de valor da JBS”, frisou.

“Com este fundo que a gente está constituindo, que a gente espera que chegue a R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos, a gente quer apoiar projetos que tornem melhor a qualidade de vida das pessoas que vivem na Amazônia, a sustentabilidade de todas as cadeias de valor da Amazônia, e aí não estamos falando só de pecuária. A gente está falando de outras cadeias, a gente quer apoiar muito a chamada bioeconomia. Então se fala muito hoje na questão da intensificar a produção de açaí, agregando valor, na produção de castanha, de se fazer mais integração lavoura-pecuária-floresta… São esses tipos de atividade, principalmente, que o fundo vai apoiar. Quando a gente junta o que a gente vai fazer com a nossa cadeia de valor da pecuária (Plataforma Pecuária Transparente) com o que a JBS quer fazer para fora da cadeia (Fundo pela Amazônia), a gente quer abraçar a Amazônia inteira, todas as atividades e todas as pessoas que moram naquela região para que a gente possa preservar e desenvolver esta parte tão importante do Brasil e do mundo”, esclareceu Márcio Nappo.

– Os frigoríficos estariam dispostos a trabalhar na construção de um cadastro positivo? (Bruno Carneiro e Pedreira, engenheiro agrônomo, mestre, doutor e pós-doutor em ciência animal e pastagens, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril)

Renato Costa: “Quando a gente fala da Plataforma Pecuária Transparente, é justamente isso. Uma plataforma inclusiva. Nós estamos fazendo para todo o setor, não é nada exclusivo da Friboi. Nós, como empresa líder, estamos assumindo este protagonismo. De uma certa maneira, é um cadastro positivo a partir do momento que o produtor adere à Plataforma Pecuária Transparente, autoriza a busca desses dados pela plataforma blockchain nesses pré-requisitos”.

Márcio Nappo: “O que a gente espera é justamente isso, que ao final de todo esse processo a gente construa um grande cadastro positivo da pecuária brasileira, onde os produtores que ingressaram nesta plataforma são os que têm como atestar através de tudo que está sendo feito como eles têm sustentabilidade, produtividade, qualidade dentro da sua produção, dentro da sua fazenda. Uma coisa extremamente importante que a gente quer deixar claro: a partir de 2025, a ideia é que a JBS torne esta plataforma pública, então todos que precisarem e quiserem usar esta plataforma para demonstrar sua sustentabilidade, para demonstrar a qualidade da sua fazenda, ela vai estar disponível a todos os setores da pecuária brasileira”.

– Quem não tem CAR, o Cadastro Ambiental Rural, pode comprovar a sua condição ambiental? (JC Pedreira de Freitas, integrante da Liga do Araguaia)

Márcio Nappo: “O Cadastro Ambiental Rural é uma ferramenta importante para demonstrar a sustentabilidade das fazendas. Este Cadastro Ambiental Rural está aberto até hoje, então eu convido quem ainda não fez concluir o Cadastro Ambiental Rural da sua fazenda. Não custa nada, é só entrar no site do Ministério do Meio Ambiente, preencher ali as informações relativas à sua fazenda e você passar a ter o cadastro. No caso da JBS, o Cadastro Ambiental Rural é uma ferramenta importante para que a gente possa analisar a fazenda e poder validar o cadastro do pecuarista. Então é importante fazer o CAR”.

Os custos da rastreabilidade serão absorvidos pelo programa? (Sidnei Batista Correia)

Renato Costa: “A Plataforma Pecuária Transparente não é rastreabilidade de animais. O produtor vai dar autorização para a gente, dentro da plataforma blockchainque é muito segura, nós insistimos, pois é uma dúvida do produtor – para ela buscar estes dados de regularização ambiental, trabalho escravo, área de preservação, terra indígena e assim por diante. A ferramenta vai fazer esta busca dentro dos dados fornecidos pela GTA e é somente isso. Não tem rastreabilidade individual de animais. Muitas fazendas usam a rastreabilidade, algumas para questão do boi Europa, Lista Trace, outras para a própria gestão do negócio dele, mas especificamente na Plataforma Pecuária Transparente não tem a questão da rastreabilidade e, portanto, não tem nenhum custo para o produtor”.

– A gente sabe que todos os desafios (da pecuária no Bioma Amazônico) foram coordenados praticamente com a liderança das ONGs. Nesse momento, a JBS assume um protagonismo maior, cria um fundo e esse fundo ainda tem participação de vários grupos, de várias partes. E o produtor tem reclamado de não estar participando. Como vocês vão fazer, como indústria, para todas as ações e iniciativas fomentadas pelo Fundo pela Amazônia se mantenham num sentido de a gente aplicar as técnicas, fazer as melhorias para o produtor, garantir sustentabilidade com o mercado? (Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo e diretor da Athenagro)

Renato Costa: “Eu gostaria de destacar alguns programas que a gente tem dentro da companhia, em que um deles é o Fazenda Nota 10. Junto com o Instituto Inttegra, do Antônio Chaker, com o qual a gente contribui, a gente apoia cerca de 150 fazendas – e queremos crescer mais ainda. Para o ano que vem, nós temos um projeto de 500 fazendas dentro do bioma justamente nesta linha que você colocou, apoiar o produtor para ganho de produtividade, produzir mais quilos por hectare. Nesse programa que nós temos, os pecuarista se reúnem, trocam experiências e a gente apoia e fomenta os encontros em parceria com o Inttegra.

Temos também a Liga do Araguaia, que apoiamos e estamos sempre juntos, participando dos eventos, das reuniões. […] Nós temos iniciativas apoiando justamente isto – ganho de produtividade, melhorar a margem do produtor, ferramentas de gestão. A gente fala muito que o que não se mede não se faz a gestão do seu negócio. Então a gente entra com este apoio técnico para ter ganho agropecuário. Já fazemos e vamos incentivar ainda mais, principalmente dentro do bioma. São nove estados, 20 milhões de habitantes do bioma, uma região importante de produção e socialmente também, com suas comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. Temos muitos trabalhos focando bastante na questão da sustentabilidade e iniciativas em todas as frentes”.

Márcio Nappo: “A Friboi vai dar todo o apoio para os produtores na sua cadeia de valor, como a gente tem falado, para que a gente faça essa transição suave até 2025 para uma pecuária mais sustentável, uma pecuária mais transparente. No Fundo pela Amazônia, a gente espera que chegue a R$ 1 bilhão nos próximos anos, com contribuição bastante significativa da JBS e contribuição dos parceiros. […] O fundo vai apoiar projetos que estão além da nossa cadeia de valor, então são projetos voltados à pesquisa científica, à bioeconomia, à geração de renda das comunidades tradicionais, comunidades quilombolas, apoiar também projetos em que a gente possa pensar no desenvolvimento tecnológico do agronegócio como um todo. São estas duas frentes: atuar fortemente dentro da nossa cadeia de valor (Plataforma Pecuária Transparente) e atuar para fora da cadeia de valor, englobando toda a Amazônia (Fundo pela Amazônia)”.

– Muita gente ainda está confundindo a diferença entre a proposta da JBS de como usar a GTAs e as propostas que são defendidas por alguns estudiosos ou pelas ONGs são de que estas GTAs possam ser liberadas para que alguém administre de forma arbitrária. Gostaria que você explicasse um pouquinho melhor como a JBS vai usar e como seria a relação entre o produtor, sua autorização, para que as GTAs sejam usadas. (Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo e diretor da Athenagro)

Márcio Nappo: “A gente sabe o quão sensível é este assunto. A GTA é um documento de uso estrito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle sanitário e que pertence única e exclusivamente a cada um dos produtores. O que a gente vai fazer na verdade com a plataforma blockchain, deixando isso muito claro, é selecionar apenas aquela informação que possa ser utilizada para identificação dos fornecedores dos elos anteriores da cadeia”.

“A plataforma não vai pegar nome da fazenda, identificação da propriedade, dados de caráter mais comercial, como sexo dos animais, quantidade de animais, nada disso. A plataforma, inclusive, vai ser auditada. A partir do momento que ela passar a funcionar, vai haver uma auditoria externa, que vai verificar se tudo que está sendo transitado de informação dentro da plataforma é aquilo que a gente está falando – informações que vão ser utilizadas só para o monitoramento das fazendas. E a gente vai tornar público o resultado dessa auditoria para todo o setor. Então vocês podem ficar tranquilos com isso”.

“Não é rastreabilidade individual por animais, não haverá brincagem dos bois. O que a gente quer é simplesmente identificar as fazendas para que a gente possa submetê-las às análises diárias que a gente faz com todos os nossos fornecedores para toda verificação de desmatamento, se esta fazenda não está em cima de uma área protegida que não deveria ter produção, se não está na lista de trabalho escravo produzida pela Secretaria do Trabalho. São esses os pontos que a gente vai estar colocando nesta análise. Isso não tem nada a ver com ONG, isso não tem a nada a ver com nenhum agente externo. Isso faz parte da política de compra responsável da JBS, que, como a gente falou, há mais de dez anos é feita com nossos fornecedores diretos. Agora, com a Plataforma Pecuária Transparente, a gente vai estender a mesma análise, o mesmo procedimento que a gente faz no dia a dia também para os elos anteriores da cadeia, para os fornecedores dos nossos fornecedores.

“O resultado dessa análise não vai ficar trancado num cofre dentro do escritório da JBS. O resultado dessa análise será acessível para cada um dos nossos produtores, de modo que ele também vai entender sua cadeia de fornecimento e, junto com a JBS, a gente quer atuar com o produtor para que resolver os problemas. Nesses cinco anos a gente quer fazer uma transição bastante suave para uma pecuária muito mais sustentável e que possa demonstrar ao mundo a qualidade da pecuária brasileira”.

– Considerações finais

“(No site da empresa) Está todo passo a passo, toda a apresentação que nós fizemos. Também estamos abertos a perguntas não só lá na companhia, mas através do Giro do Boi, no Canal Rural. Se for necessário, tendo espaço a gente volta aqui para esclarecer, para a cada dia tirar todas as dúvidas. A gente entende que está dando um passo importante para a valorização da pecuária, mas este passo só é possível junto do produtor. É a inclusão do produtor, enxergar que nós temos uma posição proativa, não reativa. Isso a gente não quer mais”, afirmou Renato Costa, presidente da Friboi.

+ Faça aqui o download da apresentação oficial do programa Juntos pela Amazônia

“A gente vai construir isso juntos. A gente precisa de um trabalho colaborativo com toda a cadeia. A nossa abordagem, como tratamos ao longo do programa, é construir um cadastro positivo, é ajudar a pecuária a dar um passo na direção da sustentável e o que a gente quer é demonstrar isso com fatos e com dados”, apontou o diretor de sustentabilidade Márcio Nappo.

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Veja abaixo os blocos da sessão de perguntas e respostas sobre a Plataforma Pecuária Transparente e Fundo pela Amazônia: