Jovens do agro brasileiro têm novo desafio: profissionalizar a sucessão familiar

Produtora Camila Telles, de 24 anos, autora do blog Geração Agro, afirmou que jovem deve ter propósito, mas considerar a experiência dos pais antes de revolucionar o campo

Nesta sexta, 18, um dos destaques do Giro do Boi foi entrevista com Camila Telles, produtora rural em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, formada em Relações Públicas que tem mobilizado jovens do agro por todo o país falando sobre a importância do engajamento dos mais novos como líderes de uma nova geração que vive do campo.

Em conversa com o apresentador Marco Ribeiro, a jovem de 24 anos repercutiu uma pesquisa feita pela consultoria PWC com mais de 2.800 líderes de empresas familiares em 50 países, apontando que 43% das companhias deste tipo não têm plano de sucessão, fazendo com que apenas 12% consigam se manter no mercado até a terceira geração (clique para acessar o estudo).

+ Acesse o blog de Camila Telles no site do Canal Rural: Geração Agro

Telles afirmou ainda que o momento ideal para começar o processo de sucessão é a partir do momento em que o jovem se interessa pelo campo e que tudo deve ser feito de modo o mais profissional possível. “É importante que os pais enxerguem os filhos como funcionários da empresa, sócios e participantes ativos da propriedade […] Eu acho que tem que ser o mais profissional o possível e esse é um dos grandes desafios para começar melhor esse planejamento de sucessão familiar, que é conseguir separar a relação de família com a relação profissional. Porque o jovem que está voltando para o campo hoje está vendo isso como um trabalho, como investimento de tempo e energia onde ele quer investir e permanecer”, recomendou.

Para que haja esta evolução, Camila entende que é essencial a integração entre as gerações de lideranças do setor. “Tem que ter propósito. Eu sempre defendo que quando o jovem volta para o campo, tem que entender que os pais têm um conhecimento, uma experiência gigantesca e maior que a nossa. A gente precisa equilibrar o aprender e o ensinar porque, de certa forma, a gente foi se especializar fora da cidade, a gente está trazendo novidades, mas ao menos tempo a gente não pode querer revolucionar e mudar tudo, é um jogo de paciência e lealdade”, contextualizou.

Ainda de acordo com Camila, é um dos papéis do jovem do agro contribuir para mudar a imagem do agronegócio nacional e mundialmente, sempre abordando a relevância do setor para a sociedade como um todo. “Empresas, entidades e o próprio produtor rural precisam saber se comunicar, precisa mostrar a realidade, precisa mostrar o seu dia a dia e fazer com que as pessoas consigam ter no seu dia a dia noção da importância do agro”, cobrou a produtora.

Veja a entrevista completa de Camila Telles pelo vídeo que segue: