Manejo de pastagem adequado pode neutralizar emissões de GEE pelo boi

Segundo pesquisador da Embrapa, sistema de pastejo rotacionado tradicional compensa emissões de metano de até 2 UA/ha ao remover CO2 da atmosfera e fixar no solo

No capítulo inédito da série Embrapa em Ação, que foi ao ar pelo Giro do Boi desta sexta, dia 30, o biólogo e engenheiro ambiental Alexandre Berndt, mestre em ciência animal e pastagens, doutor em ecologia de agrossistemas e chefe de pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste, falou sobre a relação entre o aumento da eficiência do sistema produtivo da pecuária de corte e a redução das emissões de gases que causam o efeito estufa pela atividade.

Segundo Berndt, a pastagem desempenha um papel fundamental neste cenário. Na implementação do pastejo rotacionado, por exemplo, a lotação em unidade animal por hectare aumenta junto com o sequestro de carbono, o que praticamente neutraliza as emissões de metano pelo rebanho. “Quando a gente fala da questão de emissões de gases de efeito estufa, a emissão de metano pelo animal é um processo que é muito difícil de a gente diminuir. Porém a gente tem a capacidade de compensar esta emissão. Então o animal que come em uma pastagem bem manejada, com alto valor nutricional, ele também ganha mais peso, encurta o ciclo de produção. Se ele tem o ciclo de produção mais curto, ele emite menos (gases de efeito estufa) neste período”, disse Berndt.

“E a pastagem em sistema rotacionado tem a vantagem de remover CO2 da atmosfera e colocar na raízes. A cada ciclo de pastejo, descanso e crescimento, deposita raízes no solo e com isso põe matéria orgânica solo. Tira gás carbônico da atmosfera e coloca no solo. Esse mecanismo compensa em grande parte as emissões de metano dos animais”, acrescentou o pesquisador.

Berndt calculou que em um sistema de pastejo rotacionado convencional, com Brachiaria brizantha, por exemplo, é possível compensar as emissões de aproximadamente duas cabeças, ou 900 kg em peso vivo, por hectare. Como a lotação em um sistema deste pode chegar a duas ou três cabeças por hectare, é possível quase neutralizar as emissões de metano. “Em um sistema exclusivo a pasto. Não estamos nem falando em sistemas integrados ou algum suplemento específico para diminuir as emissões. Existem diferentes tecnologias que podem ser associadas e combinadas para aumentar ainda mais este potencial de redução (de emissões de GEE)”, complementou.

“O ambiente de pastagem tropical é tido como o maior repositório de carbono em ambiente terrestre. Então se você tiver um bom manejo de pasto, em diferentes níveis de intensificação, você está contribuindo muito para ter este estoque ali preservado no solo e ainda aumentar este estoque em caso de manejos onde você está incorporando a matéria orgânica no solo”, sustentou o pesquisador.

Bernt ponderou que embora haja produtores que ainda não usam sistemas intensivos em suas fazendas, isto representa uma oportunidade para a pecuária brasileira. “É um peso a mais e por outro lado uma grande oportunidade porque estas áreas que estão degradadas de certa forma estão à margem do sistema produtivo. É um certo extrativismo. Se você adotar algum nível de tecnologia e conseguir recuperar aquela pastagem degradada, você está trazendo aquele sistema de volta para o lado positivo da produção”, estimulou.

Veja a entrevista completa com Alexandre Berndt clicando no vídeo abaixo: