McDonald’s vai usar guia de indicadores para atestar sustentabilidade de fornecedores

Diretor da rede de fast food reforçou que bem-estar animal é “item não negociável” para a estratégia de aquisição de matéria-prima

Para o McDonald’s, uma das maiores redes de restaurantes do mundo com mais de 37 mil estabelecimentos, praticar o bem-estar animal dentro das fazendas é condição essencial para a aquisição de matéria-prima. Foi o que frisou ao Giro do Boi nesta sexta, 31, o diretor de fornecimento estratégico da McDonald’s Corporation, Daniel Boer. “O McDonald’s hoje vê o bem-estar animal como parte fundamental da nossa estratégia de fornecimento. É um item não negociável. Precisa ter para iniciar qualquer negociação comercial”, reforçou.

Na empresa, o tema não é novo. As primeiras ações aconteceram a partir de 1997, quando a própria Temple Grandin, umas das maiores pesquisadoras do setor em todo o mundo, passou a auditar a cadeia de fornecimento para avançar no que, até então, se apresentava como uma tendência.

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Com um trabalho sólido desenvolvido desde então junto às indústrias, incluindo as de carne bovina, com padrões estabelecidos para auditorias em seus fornecedores diretos, a próxima meta da rede é assegurar que tais parâmetros estejam em sintonia também dentro das porteiras, revelou Boer. “O nosso próximo passo é avançar com o bem-estar animal para o campo. E vai chegar mais próximo ao produtor. O Brasil foi pioneiro em desenvolver uma mesa redonda de pecuária sustentável, o GTPS, que reúne vários elos da cadeia, como produtores, bancos, supermercados e sociedade civil tentando encontrar o que é pecuária sustentável. E nós chegamos com os indicadores em um guia prático de pecuária sustentável. […] E nós vamos usar esta ferramenta, este GIPS, que é o Guia de Indicadores da Pecuária Sustentável, para atingir os padrões de sustentabilidade, e o bem-estar animal é um dos pilares desta estrutura de sustentabilidade”, explicou Boer.

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De acordo com o executivo, o país já é hoje um exemplo na área de bem-estar animal e sustentabilidade, o que exige o uso de ferramentas que comprovem tal avanço do setor produtivo nesta área. “Quem paga a conta da cadeia inteira é o consumidor. […] O consumidor vem demandando cada vez mais, não só bem-estar animal, mas também sustentabilidade. Esta transparência da cadeia de produção veio para ficar. […] O Brasil hoje é vitrine de produção bovina e o consumidor vai demandar cada vez mais esta transparência. Estas ferramentas que existem, como GIPS, do GTPS, proporcionam ao produtor mostrar o bom trabalho que ele vem fazendo no campo para trazer isto até a mesa do consumidor, conectando as duas pontas, campo e consumidor”, acrescentou.

Na entrevista, Boer listou ainda alguns dos principais progressos feitos pela pecuária brasileira quando o assunto é bem-estar. “A evolução do bem-estar animal dentro do Brasil serve de exemplo para o mundo em alguns parâmetros. Hoje você vê abatedouros melhorando as carretas de transporte de gado para melhorar o bem-estar animal, reduzindo as distâncias, o tempo de viagem, treinando os motoristas que são parte fundamental desta cadeia no manejo dos animais. No Brasil, a evolução do bem-estar foi muito rápida e muito boa. Hoje o Brasil ocupa uma posição de líder neste processo, mas claro, não é um destino, é uma jornada. Tem muito a ser feito, muito a melhorar, nunca termina. Então a gente tem que continuar medindo, implementando ações, reportando e comunicando todo esse trabalho exemplar feito pelo Brasil”, comentou.

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