"Mentalidade de empresário deve ser maior que a de fazendeiro", aconselha consultor

Em entrevista ao Giro do Boi, Daniel Pagotto indica que produtor deve tentar isolar paixão pela pecuária nas tomadas de decisão pelo bem de seu patrimônio

Seria o fim da pecuária paulista? Nesta terça, 30, o Giro do Boi falou da polêmica em torno do lançamento de um livro virtual “O fim da pecuária paulista – E como isso pode se tornar uma oportunidade para o seu negócio agro”, escrito pelo consultor e engenheiro agrônomo, pós-graduado em produção animal e pastagens e gestão de empresas, Daniel Pagotto, da Tratto Consultoria.

O especialista em gestão justificou o alerta afirmando que, por ano, o pecuarista de corte deve lucrar o mesmo que oferecem os arrendamentos para atividades concorrentes, como, por exemplo, uma plantação de cana ou floresta de eucalipto, que rendem cerca de R$ 1.000,00/ha/ano, ao passo que a média da pecuária de corte hoje não passa dos R$ 100,00.

“A gente trata um pouco do tema como provocação, mas colocando as oportunidades que existem também com outras culturas no estado de São Paulo”, introduziu Pagotto. O consultor destacou que não é mera questão de comparar os lucros absolutos, mas também de entender os riscos de cada atividade, percebendo a condição e solidez de quem irá arrendar suas terras.

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No entanto, se a lucratividade da propriedade de pecuária estiver na média, abaixo dos R$ 100,00, um ano de arrendamento seriam comparáveis a mais de dez anos de lucro com a bovinocultura de corte, o que justificaria a operação. Então, neste caso, é o fim da pecuária para este produtor que não busca a intensificação de sua atividade.

“É difícil o pessoal falar de lucro da pecuária porque o pessoal não sabe medir. […] Na verdade, se você não sabe medir o seu lucro, você não sabe comparar. Quando surge oportunidade de outros negócios para você debater ou discutir, se é a cana, se é eucalipto, se é lavoura, se é a própria pecuária que está dando R$ 500,00, R$ 800,00 ou R$ 1.000,00, você tem que ter o balizador. Se você não sabe o seu lucro na pecuária, você não sabe que outro tipo de oportunidade pode estar passando por você na sua região para você mixar e dar segurança para o seu negócio”, ponderou.

“Você tem que intensificar em São Paulo para ficar competitivo senão a conta vai chegar seja no seu bolso ou seja na sua família te questionando como gestor, como executivo da tua empresa”, recomendou o consultor. “Em São Paulo você tem um patrimônio mais valorizado, […] a terra é muito cara e você vai ser pressionado em algum momento, então quando chegar a cana falando que te paga dez vezes mais ou eucalipto ou agricultura, se você tiver um trabalho bem feito, intensificado, vai ficar tudo certo, mas se você continuar tocando pecuária do jeito que sempre foi, de modo extensivo de qualquer maneira, você está deixando sair muito dinheiro pela mão”, frisou.

“A mentalidade de empresário deve ser maior que a de fazendeiro para você conseguir isolar um pouco da paixão pelo negócio e isso não te deixar aquém da geração de caixa, aquém de olhar o modelo financeiro, aquém de olhar a gestão e o caminho a ser discutido da família em cima de um patrimônio que vem de outra geração”, advertiu o agrônomo.

Pagotto observou que, por vezes, a própria paixão do pecuarista pode atrapalhar neste momento de tomadas de decisão. “A gente tem a sensação real de que o pecuarista, até pela paixão, isso acaba sendo uma fraqueza por ele ficar muito na operação e todos estes fatores que envolvem a gestão de uma empresa rural deveriam ser também mais apoiados”, sustentou.

Mais informações sobre gestão e sucessão familiar podem ser solicitadas pelo e-mail do consultor, [email protected].

Veja a entrevista completa no link abaixo: