O que é acidose ruminal e como prevenir sua ocorrência em animais confinados?

Doutor em zootecnia aponta os sintomas da doença e como corrigir o problema a partir de controles básicos

Para quem já teve algum tipo de experiência com terminação intensiva, em confinamento, por exemplo, sabe que um dos principais problemas na fase de adaptação é a acidose ruminal. No Giro do Boi desta terça, 28, o mestre em ciência animal e doutor em zootecnia João Benatti, gerente de produtos para ruminantes da Trouw Nutrition, falou sobre o problema, causas, sintomas e formas de prevenir sua ocorrência.

“Existem duas acidoses. A clínica, que é aquela que você enxerga o animal, ele fica doente, você consegue identificar e tratar ele, e tem a acidose subclínica. Esta talvez, embora não mate o animal, seja mais perigosa porque o animal está com problema, você está dando ração e não está vendo o prejuízo”, contextualizou o zootecnista. Entre os sintomas da acidose estão perda do apetite, desidratação, diarreia e até depressão. Nos casos mais graves, pode ocorrer a morte do animal.

O profissional recomendou a observação das fezes dos animais com frequência para identificar a acidose. No entanto, afirmou que é necessário diferenciar o que é diarreia das fezes normalmente mais moles de um animal em dieta de alto grão, com menor volume de fibras.

“A acidose ocorre quando o animal produz muito ácido e não consome ele no rúmen, então ele acumula ali dentro […] e o pH afunda”, explicou Benatti. Mas o especialista afirmou que a solução não é restringir a produção deste ácido. “Um animal para ganhar peso precisa ter ácido no rúmen. O que faz um animal ganhar peso é esta produção de ácido”, ponderou.

“Você tem que fazer um treinamento com seu peão, que é quem observa estes animais, para poder identificar o que é problema respiratório e o que é acidose. Porque a acidose não vem do nada. Ela vem, principalmente, após um período de falta de comida. Então manejo de cocho, muita gente fala, e é extremamente importante. […] Se você deixar ele passar fome por algum motivo, se entre tratos você não fez um bom manejo de cocho e fornece alimento de novo, ele vai com muita fome ao cocho. Vai comer muito mais comida em uma velocidade maior do que está acostumado, aí acumula ácido”, exemplificou.

Na entrevista abaixo, Benatti fala de todas as formas de medidas básicas para a prevenção da acidose, como a importância da dieta de adaptação, leitura de cocho, ronda dos peões pelas baias e formulação adequada da dieta de alto grão, sobretudo as que têm milho com maior digestibilidade do amido. Veja no player abaixo: