O que são os alimentos preparados de carne bovina e quais os principais mercados consumidores mundo afora?

Linha conta com mais de 300 tipos de produtos que hoje são exportados para cerca de 90 países, sendo consumidos, por exemplo, pelas forças armadas, operários e como merenda escolar

Você sabe o que são os alimentos preparados feitos à base de carne bovina, quais as matérias-primas do boi utilizadas para compor estes produtos e que tipos de consumidores eles alcançam no Brasil e no mundo? O Giro do Boi desta quinta, 22, tratou deste mercado em entrevista com o gerente executivo de vendas de alimentos preparados da JBS Carnes, André Amorem, responsável pelo atendimento a clientes na América do Sul, Oriente Médio e África.

Os alimentos preparados são manipulados de forma a virem prontos ou praticamente prontos para o consumo final. Na companhia, a matéria-prima destinada à esta linha de produção consome uma fatia de cerca de 10% de toda a carne produzida. Os principais insumos para estes produtos são recortes do dianteiro, recortes de indústria, miúdos e peças anatômicas cozidas.

Atualmente são mais de 300 produtos na categoria dos alimentos preparados, como salsichas, almôndegas, carne desfiada, cubos e tiras de carne, peças anatômicas, fiambre, hambúrgueres, mortadela, entre outros. Estes produtos chegam hoje a mais de 90 países em todo o mundo, além de ter seu mercado cativo no Brasil.

Aqui no país, os alimentos preparados tornaram-se solução para o consumo de proteína em regiões em que havia maior dificuldade para a conservação de carne in natura, como locais mais distantes do Norte e Nordeste. O que era uma necessidade virou um hábito e, hoje, boa parte destes produtos é consumida por consumidores que partiram desta cultura.

Mundo afora, são servidos a públicos igualmente específicos, como operários, forças armadas e como merenda escolar. “A tecnologia avançou tanto nesse segmento de comidas preparadas que antigamente os soldados tinham que comer, por exemplo, aquelas rações liofilizadas. De fato parecia uma ração, uma comida seca. E hoje nós temos a condição de levar para as Forças Armadas do Brasil uma comida fresca, um prato que não deixa nada a desejar para um produto que você vai encontrar no supermercado”, exemplificou Amorem.

Como uma das características de boa parte dos alimentos preparados é sua durabilidade, há uma certa crença de que são carregados por conservantes, o que foi desmistificado por Amorem. “O que existe é tecnologia de processamento e tecnologia de embalagem que permitem que nós tenhamos produtos até clean label, que é como a gente chama os produtos sem nenhum tipo de conservantes, e não precisa ficar na geladeira”, esclareceu.

O complexo industrial da companhia em Lins, interior de São Paulo, é a responsável pela industrialização dos alimentos preparados como, por exemplo, em pouch, que são embalagens aluminizadas que permitem conservação longa. “Essa fábrica é capaz de produzir produtos sem necessidades de nenhum tipo de conservantes”, acrescentou Amorem, explicando que tais alimentos são cozidos dentro da própria embalagem, por isso são mantidos em um ambiente livre de agentes oxidantes.

Amorem também reforçou ao público do Giro do Boi a responsabilidade da indústria em manter a qualidade à altura da expectativa dos consumidores dos alimentos preparados. “Nós produzimos alimentos que muitas vezes vão direto para a mesa do consumidor. Então para este tipo de alimento, além de toda uma parte regulatória do país para o qual estamos exportando ou mesmo aqui no Brasil, a exigência é muito grande. Os consumidores exigem nesse tipo de produtos, que são os alimentos preparados, um padrão. Ninguém quer comprar um produto em um dia e receber com padrões diferentes no outro. É por isso que muito mais do que uma empresa com o know how em produzir esses produtos, é necessário que tenha ali, para sustentar isto, parceiros com matéria-prima de confiança, de alta qualidade. E, neste sentido, em nossa opinião, o papel do pecuarista é importantíssimo para que a gente garanta esse padrão nos produtos acabados”, frisou.

O mercado de alimentos preparados será o assunto do painel “A carne muito além do churrasco”, que integra a programação da Intercorte São Paulo 2018. O evento começou ontem, 21, e segue até esta sexta, 23, no World Trade Center na capital de SP. Além de conhecer detalhes do universo destes produtos, quem estiver presente vai participar de uma dinâmica gastronômica para conhecer os alimentos preparados de modo prático.

Veja a entrevista completa com André Amorem pelo vídeo que segue: