Pecuária faz parte da solução para as mudanças climáticas, indica especialista

Em entrevista ao Giro do Boi, diretora de sustentabilidade do Friboi Liège Correia reforçou oportunidades para o aumento da eficiência produtiva pela pecuária brasileira

Nesta sexta, dia 17, a engenheira agrônoma Liège Nogueira, diretora de sustentabilidade do Friboi, concedeu entrevista ao Giro do Boi. Entre os principais assuntos da conversa estiveram a participação da companhia na COP26 e os esforços para consolidar a produção sustentável de carne bovina pelo Brasil.

Segundo comentou a diretora, as ações da empresa e do setor como um todo servirão de ferramentas para alcançar as metas brasileiras estabelecidas durante o encontro que ocorreu em novembro em Glasgow, na Escócia. “O Brasil apresentou adesão à redução de metano. É um dos gases que causa o efeito estufa. Então a gente tem uma capacidade de reduzi-lo de forma mais rápida e o rebanho brasileiro é diretamente afetado com essa meta. Porque justamente a maior emissão de metano acaba sendo da pecuária devido ao que a gente chama de arroto do boi”, salientou Liège.

No entanto, a diretora destacou que a pecuária faz parte da solução para os problemas causados pelas mudanças climáticas. “O Brasil tem um dos maiores rebanhos bovinos do planeta e ele vai fazer parte justamente da solução. Ele vai participar dessa meta de forma ativa”, reforçou.

PARCERIAS

A diretora de sustentabilidade comentou que a redução de metano pela pecuária não passa necessariamente pela redução do rebanho, mas sim pelo aumento de sua eficiência. Nesse sentido, o Friboi anunciou recentemente algumas parcerias estabelecidas para analisar os impactos de aditivos para a dieta do gado que podem reduzir tais emissões.

“A JBS buscou em Glasgow uma parceria com a DSM, com um suplemento nutricional (Bovaer) que tem capacidade para reduzir em até 90% as emissões. Com isso, mais uma vez a pecuária deixa de ser a vilã, como a gente já sabe há muito tempo, e passa a ser parte essencial do processo de solução. Porque, afinal de contas, a gente está produzindo alimentos no campo e, dessa forma, esse alimento, com a redução de emissões de gases de efeito estufa, vai poder chegar para o consumidor de forma mais sustentável”, relacionou Liège.

Além disso, a companhia cedeu um de seus confinamentos, o Boitel JBS em Guaiçara-SP, para estudar o impacto do uso de um aditivo natural à base de taninos na redução de metano no gado confinado. O estudo está em fase final de análise de dados e foi feito em parceria com o Instituto de Zootecnia e a empresa SilvaFeed, braço de nutrição animal da SilvaTeam.

“Então a JBS tem participado ativamente junto com Instituto de Zootecnia de diversas outras iniciativas e pesquisas com demais produtos que possam ajudar na redução dos gases de efeito estufa. E aí, quem sabe, até melhorar o desempenho desse rebanho imenso e tão produtivo que a gente tem no Brasil”, estimou.

COMPLIANCE

Para pode participar da cadeia produtiva e captar o valor máximo pela sua produção, Liège lembrou da importância de o produtor estar em concordância com a legislação ambiental brasileira. “O Cadastro Ambiental Rural é a porta de entrada para o produtor conseguir fornecer animais, no caso, para todo um setor produtivo. A gente costuma dizer que a gente quer que o produtor possa escolher para quem ele quer fornecer e não fique limitado por uma falta de um documento ou mesmo por uma situação ambiental regular”, justificou.

Dessa forma, a criação dos Escritórios Verdes serve ao propósito da inclusão dos produtores na cadeia produtiva de carne bovina. As unidades funcionam como despachantes, instalados juntos aos frigoríficos da empresa, para atender fazendas que precisam de ajustes para desfazer eventuais embargos. “A gente sabe da dificuldade. Às vezes é um processo burocrático, que pode ser um processo demorado para regularizar”, ponderou Liège.

Confira aqui os endereços dos Escritórios Verdes em todo o País

DESAFIOS PARA 2022

Em conclusão, Liège projetou desafios para o ano de 2022 a partir da demanda por sustentabilidade. “Então, no campo, a gente já vê essa mudança. A gente já vê essa preocupação de […] fazer o dever de casa, procurar produzir de forma mais sustentável. E a gente espera que o ano que vem a gente consiga aumentar o número de Escritórios Verdes, aumentar o número de fazendas regularizadas e aumentar o número de fornecedores que estão produzindo de forma sustentável”, declarou.

Assista a entrevista completa com Liège Correia pelo vídeo a seguir: