Pecuarista compartilha os segredos da produtividade em terras arenosas

"Manejo correto faz com que você tenha produções iguais ou às vezes até melhores do que em uma (terra) de maior qualidade", disse produtora

Localizada no município de Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, a Fazenda Santa Lúcia foi um dos destaques das 26ª e última etapa do Circuito Nelore de Qualidade em Campo Grande, capital do estado, em novembro de 2019. A propriedade enviou para abate um lote de 150 machos dentes de leite que pesaram em média 22 arrobas com gordura mediana e uniforme (3 e 4) e mais de 55% de rendimento de carcaça, tudo isto produzido a em cima de terras arenosas. Então quais são os segredos deste desfrute?

A pecuarista Carla Marcussi, em entrevista concedida ao Giro do Boi, destacou algumas das práticas que levam a esta produtividade. De acordo com a produtora, o trabalho começa com a seleção dos fornecedores de bezerro, já que a fazenda trabalha somente com recria e engorda. São até três criadores de bezerros selecionados que fornecem a recria para a Fazenda Santa Lúcia. “A gente já sabe que vaca que teve fome, que sofreu estresse ou fome durante a gestação produz um bezerro com menos fibras musculares e que vai dar um boi com uma musculatura inferior, então a gente começa por aí”, indicou Marcussi.

O manejo de pastagem, segundo a pecuarista, é outro ponto chave para o seu sucesso. “Eu sempre falo pro pessoal: a chave do negócio é saber manejar o pasto, cuidar dos nossos pastos, e cuidar do boi e dar o melhor para o boi porque ele responde. O boi é uma máquina de carne, se ele tiver genética boa e você der condições, ele vai engordar. E o manejo de pastagem e a nutrição são pontos chave para conseguir animal jovem e bem acabado como estes aqui que vocês estão vendo”, acrescentou.

Já na época da seca, a propriedade lança mão de duas estratégias que evitam a degradação dos pastos: o confinamento para os bois que estão em fase de terminação e, para os animais mais jovens, o sequestro de bezerros, feito já no final da seca, transição para o período das águas. Isto é feito porque a produtividade a pasto passa por um cuidado específico neste início das chuvas: a retirada dos lotes do pasto para que o capim forme perfilhos e atinja todo o seu potencial de desempenho.

“O manejo correto faz com que você tenha produções iguais ou às vezes até melhores do que em uma (terra) de maior qualidade, mas mal manejada. Então tudo é a gestão, tudo é o trabalho que você faz em cima daquilo”, ressaltou Marcussi.

O sucesso da propriedade está permitindo sua expansão. O confinamento que até então tinha capacidade para terminação de 2.500 animais por ano deve passar em breve para 4.000 cabeças de capacidade estática.

Veja os detalhes na entrevista completa pelo vídeo abaixo: