Depois de consolidar o modelo de produção Boi 777, voltado para a terminação a pasto de machos precoces, a Apta, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, em parceria com a Unesp de Botucatu-SP e a Universidade da Flórida, nos EUA, iniciou pesquisas para desenvolver um sistema de engorda de novilhas. Entre os objetivos está aproveitar a aptidão das fêmeas para a produção de carne de qualidade para o crescente mercado gourmet no Brasil e, mais do que isso, reforçar a produtividade dentro da porteira.
Nesta terça-feira, 23, o Giro do Boi tratou com assunto em entrevista com a pesquisadora da Apta Laura Franco Prados, graduada, mestre e doutora em zootecnia. De acordo com a zootecnista, a ideia surgiu para dar foco na terminação das fêmeas Nelore uma vez que o modelo voltado aos machos já estava bem definido. A princípio, inclusive, a ideia era fornecer condição corporal para a reprodução destas novilhas, mas acabou se mostrando uma boa alternativa também para a engorda.
“O nosso foco primeiramente era emprenhar estas fêmeas aos 14 para 15 meses. Na estação de monta a gente usava duas IATFs sem o repasse de touros. E as que não emprenharam, o que a gente ia fazer com estes animais? Então a partir disto e a partir do crescimento do mercado gourmet, das boutiques de carne nos grandes centros a gente viu a necessidade de continuar a tratar estas novilhas que não emprenharam, as novilhas vazias”, contextualizou a pesquisadora.
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Em resumo, a pesquisa quer oferecer ao pecuarista a possibilidade de ele vencer o chamado “desafio das precocinhas” mesmo quando as fêmeas jovens não emprenhem em sua primeira estação de monta.
O foco do estudo é, uma vez que as novilhas saíram vazias da monta, abatê-las ainda jovens com 15 a 16 arrobas e ao menos 3 mm de cobertura de gordura. Para tanto, a pesquisadora está utilizando a chamada TIP – terminação intensiva a pasto, em que os animais recebem cerca 2% do peso corporal de ração concentrada no cocho mais a oferta de forragem, uma dieta que varia conforme o peso de entrada, o peso de saída desejado e os preços dos insumos em cada região.
A meta é alcançar um ganho de peso superior ou igual a 1 kg por dia. A pesquisadora acrescentou que é importante que haja uma adaptação dos animais até que se chegue nos 2% do peso vivo de ração para que não haja problemas ruminais, como acidose, por exemplo. Na pesquisa, foram utilizadas três sistemas de recria, que não influenciaram no desempenho em ganho de peso, salientou a zootecnista: confinamento com 77% de silagem de milho e o restante de concentrado, suplementação com 1% peso corporal ou suplementação crescente começando com 0,8% a até 1,2% do peso corporal.
“Tem uma agregação de valor neste produto. Esta carne vai ser direcionada a nichos de mercado. E isto vai beneficiar o produtor. E como a gente passa por grandes transformações no mercado da pecuária de corte, a gente tem que usar a tecnologia a nosso favor. E o abate de novilhas está aí como uma ferramenta que está à disposição do pecuarista, não é nada difícil de se fazer e que ele pode agregar valor ao seu produto. E elas tem apresentado um grande potencial para produzir estas carcaças de qualidade e o mercado acaba pagando o valor semelhante ao do macho, então, vale a pena”, assegurou Laura Prados.
O pecuarista que tiver dúvidas ou puder contribuir com informações para a pesquisa pode entrar em contato com a pesquisadora pelo e-mail [email protected].
