Pesquisa identifica impactos de elevação da temperatura na qualidade das pastagens

Plantas têm aumento da quantidade de fibras e consequente queda da qualidade nutricional, o que deve dificultar a digestão dos animais

Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto de Botânica de São Paulo, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, da Universidade Estadual Paulista e do Instituto Federal Goiano simulou os efeitos da elevação da temperatura na qualidade das forrageiras utilizadas na alimentação de bovinos. As pesquisas foram baseadas em modelo desenvolvido pelo professor do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em Ribeirão Preto, Carlos Alberto Martinez y Huaman, engenheiro agrônomo, mestre em produção agrícola e doutor em fisiologia vegetal.

O agrônomo esteve no Giro do Boi desta quinta, 11, para trazer detalhes da pesquisa, que busca entender qual a resposta do capim, tanto em termos fisiológicos como nutricionais para o gado, a partir de um esperado aumento médio da temperatura global em até 2º C nas próximas duas décadas.

Os experimentos foram feitos com plantas em campo aberto para que fosse mais fiel às condições da pecuária brasileira, e utilizou Mombaça e Estilosantes Campo Grande para as simulações, em que foram submetidas a aumentos de temperatura provocados por aquecedores infravermelhos.

Deste modo, o que se detectou foi aumento na quantidade de fibras das folhas e redução da proteína bruta nas plantas, o que potencialmente dificulta e aumenta o tempo necessário para a digestão do gado. “O pasto é fundamental, é crítico para a produção pecuária. Mas se o pasto perde biomassa, perde qualidade, […] Nós temos que nos preparar para isto. […] Nós temos que já ir procurando variedades mais resistentes à seca, variedades que mantenham qualidade da forragem apesar de períodos de estiagem prolongados, e dar conforto animal”, indicou Huaman.

Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo: