Plataforma Pecuária Transparente: iniciativa reforça sustentabilidade da pecuária na Amazônia

Entenda o conceito do sistema, como ele será executado na prática, qual o cronograma de implementação e como o produtor receberá apoio para sua integração

Em edição especial do Giro do Boi nesta segunda-feira, 28, executivos da JBS participaram de sessão de perguntas e respostas a respeito da Plataforma Pecuária Transparente, um sistema de inteligência anunciado pela companhia na última semana e que faz parte de um conjunto de ações para a sustentabilidade do Bioma Amazônico, denominado Programa Juntos pela Amazônia.

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A Plataforma Pecuária Transparente é o primeiro de quatro pilares do programa, cuja atuação se restringe à sustentabilidade da cadeia de valor da pecuária praticada na Amazônia. O sistema servirá para monitorar fornecedores da companhia por meio de uma análise que serve para descobrir se a política de compra responsável da JBS está sendo respeitada. O monitoramento já é feito desde 2009 para os fornecedores diretos – produtores de boi gordo – e será estendido também aos fornecedores dos fornecedores – criadores de bezerros.

O sistema de inteligência da plataforma fará conferência para checar se as propriedades têm em seu histórico desmatamento ilegal de florestas nativas, se estão fazendo uso de áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação, se estão em áreas embargadas pelo Ibama e/ou em listas de propriedades que usam força de trabalho em condições análogas à escravidão.

“Como empresa líder do segmento, nós decidimos, depois de muitas discussões e estudos, assumir o papel de protagonista deste assunto. […] É uma atitude proativa para deixarmos de ser reativos às demandas do mercado. Então na última quarta-feira, 23, nós anunciamos (o programa) e estamos muito felizes por estarmos assumindo este papel dentro de um tema tão sensível. No nosso entendimento, o Brasil é o país mais sustentável do mundo”, afirmou Renato Costa, presidente da Friboi.

“Entendemos que é uma oportunidade única para a gente, numa atitude proativa, atender o que o mercado está cobrando. É oferecer ao invés de ser cobrado”, resumiu.

“Não existe desenvolvimento do agronegócio sem sustentabilidade”, sustentou Márcio Nappo, diretor de sustentabilidade da companhia. “O Brasil hoje consegue fazer até três safras dentro de uma mesma área, mas a gente precisa expandir isso. A gente precisa avançar em produtividade e a gente precisa avançar também em um tema importante, e é sobre isso que a gente vai falar hoje, a Plataforma Pecuária Transparente. […] O mundo, os consumidores, os investidores, os clientes querem ter mais transparência dentro da cadeia de fornecimento e por isso que a gente decidiu criar este conjunto de ações para avançar em todos os elos da cadeia na questão de produtividade, sustentabilidade, rastreabilidade e transparência”, completou.

+ Faça aqui o download da apresentação oficial do programa Juntos pela Amazônia

HISTÓRICO DE AÇÕES PARA A SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA

“A sustentabilidade na JBS já vem sendo intensivamente trabalhada desde 2009. Consiste em quais compromissos assumidos, principalmente dentro do Bioma Amazônico? Fazer o monitoramento do nosso fornecedor. Os nossos fornecedores são monitorados, então, há 11 anos, um compromisso assumido em 2009. Passamos por diversas auditorias durante todos esses anos, […] na última auditoria nós garantimos 100% de conformidade dos fornecedores nas nossas compras diretas. Agora tem o fornecedor do nosso fornecedor, que seria a compra indireta e é isso que o mercado tem cobrado. Qual é a vida desse animal desde o seu nascimento? E a gente veio discutindo este caso específico desta compra do fornecedor do nosso fornecedor”, explicou Renato Costa.

“O mercado cobra isto. O cliente, o investidor e, mais recentemente, o próprio sistema bancário. Os três principais bancos colocaram esta exigência também nas linhas deles. […] A pecuária brasileira mudou de patamar e a cada dia ela está evoluindo, crescendo, conquistando mais mercados e nós temos também que estar à frente (das exigências)”, frisou.

COMO É FEITO O MONITORAMENTO HOJE?

“Desde 2009, em função dos compromissos da política de compra responsável da nossa matéria prima, que a JBS tem, a gente construiu o chamado Sistema de Monitoramento de Fornecedores, que faz toda análise dos nossos fornecedores diretos, aquele que vende diretamente o animal para a JBS. Este sistema é bastante avançado, usa imagens de satélite das fazendas, diversos bancos de dados públicos, como os dados de desmatamento, de áreas embargadas, de casos de trabalho escravo. Também usa mapas de áreas indígenas e os dados de conservação. Estes, na verdade, são os critérios que a gente utiliza para fazer análise dos nossos fornecedores, em linha com a nossa política. […] É um sistema bastante maduro, bastante robusto”, avaliou Márcio Nappo.

“Só que a gente tinha, na verdade, esta necessidade de a gente dar um passo adiante e aplicar este tipo de análise com os nossos fornecedores secundários, os fornecedores dos nossos fornecedores. Então para isso foi criada a Plataforma Pecuária Transparente”, revelou.

NA PRÁTICA, COMO FUNCIONARÁ A PLATAFORMA PECUÁRIA TRANSPARENTE?

“A gente sabe que, para fazer este avanço do monitoramento em todos os elos da cadeia, a gente precisa acessar informações dos elos anteriores através das GTAs, as Guias de Trânsito Animal”, introduziu o diretor de sustentabilidade.

O que é a Plataforma Pecuária Transparente? A Plataforma Pecuária Transparente está fundamentada em dois pilares muito importantes. O primeiro deles é segurança da informação. Isto para a gente é uma prioridade, então a gente construiu esta Plataforma Pecuária Transparente numa tecnologia que se chama blockchain, criada pelo sistema bancário há alguns anos, o que dá a ideia de como isto é seguro. Afinal, as transações bancárias existem o máximo de sigilo, confidencialidade e de segurança da informação. […] A partir da autorização dos nossos fornecedores diretos (passo 1), o sistema eletronicamente vai entrar em contato com os bancos de dados das GTAs nos estados e selecionar apenas a informação necessária para identificação das fazendas dos elos anteriores”, esclareceu.

“É um programa inclusivo de engajamento onde o principal ator é o produtor. Então começa o passo 1, que é ele autorizar a plataforma blockchain consultar. Ela é segura, usada pelo sistema bancário e só vai acessar esses pré-requisitos. Não vamos saber volume de boi, por exemplo. A plataforma busca os pré-requisitos pelos quais nós somos cobrados hoje, […] e nós vamos dar opção ao produtor fazer esta mesma triagem da sua compra”, elucidou Renato Costa.

“Isto é extremamente importante e a gente quer deixar claro – quando a plataforma for acessar essas bases de dados das GTAs, existe uma série de informações, mas esta plataforma vai selecionar exclusivamente aquelas informações que nós precisamos para identificar a fazenda dos fornecedores dos fornecedores. A partir disso, esta plataforma traz esta informação para o sistema de monitoramento da JBS, para identificação destas fazendas. E depois submete estas fazendas às mesmas análises que nós fazemos com nossos fornecedores diretos”, observou Nappo.

Segundo o diretor de sustentabilidade, a informação estará disponível para consulta para os próprios fornecedores de boi gordo da companhia. “Após esta análise, volta a informação para a Plataforma Pecuária Transparente e o nosso fornecedor direto vai poder ter acesso ao resultado dessas análises. Isso é inédito. Pela primeira vez, a gente vai estar possibilitando que o nosso fornecedor acesse um tipo de análise que hoje só a JBS e outros frigoríficos têm. É importante falar isso. Esse avanço está sendo liderado pela JBS, mas ele não é exclusivo da JBS. Outros parceiros do mercado, outras empresas de processamento de carne têm também monitorado a sua cadeia, mas neste caso a gente está voltando esta informação para o nosso fornecedor e isso vai fazer toda diferença no sentido de a gente poder evoluir com a nossa cadeia produtiva”, projetou.

SUPORTE AO PECUARISTA

Nappo também destacou que o apoio ao produtor para que ele possa integrar a plataforma é um ponto-chave da Plataforma Pecuária Transparente. “O segundo pilar importante desta estratégia é o apoio ao pecuarista. Por isso, a plataforma vai mapear onde existe problemas e, na sequência, baseado neste segundo pilar de engajamento e apoio aos nossos fornecedores, a gente vai atuar para ajudar a resolver os passivos ambientais das fazendas”, tranquilizou.

“Nós vamos dar suporte jurídico, ambiental e na parte de consultoria agropecuária para tudo o que o produtor precisar de apoio. Muitas vezes ele quer fazer, mas não sabe como fazer. Ele poderá consultar um advogado para poder realizar algumas regularizações, por exemplo. Nós vamos entrar com todo este apoio também nestas três frentes – agropecuária, jurídica e ambiental. Tem muito trabalho para fazer, estamos confiantes, animados, porém precisamos do ator principal, como eu falei, o produtor. O engajamento, a inclusão dele para a gente realmente mudar o patamar da pecuária brasileira”, convidou Renato Costa.

“A gente que sair do corner nesse discussão e mostrar que a gente é muito melhor do que as pessoas em vários lugares do mundo estão comentando hoje. Neste prazo de cinco anos (2020 a 2025), a gente vai criar diversas forças-tarefas nos locais em que a gente compra gado para a gente prestar este tipo de assessoria, de suporte. Às vezes tem questões ali que um advogado vai poder resolver rapidamente. A gente quer aumentar a produtividade da pecuária. A gente sabe que esse é o grande caminho para ter uma pecuária sustentável – conseguir produzir mais arrobas de carne por hectare de modo que a gente possa produzir mais alimentos de forma sustentável”, reconheceu Nappo.

CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DA PLATAFORMA PECUÁRIA TRANSPARENTE

“Esta estratégia da Plataforma Pecuária Transparente, no plano da JBS, vai durar cinco anos e está baseado em quatro passos. Vamos recapitular: o primeiro passo é autorização, o segundo passo é a identificação dos fornecedores dos fornecedores, o terceiro passo é o mapeamento dos problemas e o quarto passo é o apoio àqueles produtores que estão com algum tipo de problema para fazer a conformidade ambiental da sua fazenda”, resumiu.

“Nos próximos cinco anos, de 2020 a 2025, não só esta plataforma vai estar sendo construída, como também a gente vai estar trabalhando para trazer todos os produtores, todos os fornecedores da JBS para dentro desta plataforma. Na verdade, a gente criou o plano de cinco anos para possibilitar esta transição da pecuária para um outro patamar, para um patamar de mais transparência, de mais sustentabilidade, em que a gente realmente possa demonstrar toda a nossa capacidade de produção e sustentabilidade do setor agropecuário brasileiro, para os nossos consumidores, para os nossos clientes, para o mundo e para os nossos fornecedores”, comentou.

“Até o final desse ano, a gente vai tornar operacional a Plataforma Pecuária Transparente e a gente vai estruturar toda esta rede de apoio para os produtores. A partir de 2021, a Plataforma Pecuária Transparente começa a operar no estado do Mato Grosso, um estado importante para o nosso agronegócio. E a ideia é a gente desenvolver e amadurecer toda esta estratégia no estado do Mato Grosso. Na sequência, a gente vai expandir toda esta estratégia da Plataforma Pecuária Transparente para os demais estados do Bioma Amazônia até 2025”, acrescentou.

FUNDO PELA AMAZÔNIA

O fundo de investimentos anunciado pela JBS na mesma ocasião (quarta-feira, dia 23/09) trata-se de uma outra iniciativa do Programa Juntos pela Amazônia. “Nós temos o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor, que é onde está a Plataforma Pecuária Transparente, que engloba toda a cadeia de valor (da pecuária) como o primeiro pilar do Programa Juntos pela Amazônia. Depois, temos os outros três pilares: Conservação e Preservação das Florestas, Desenvolvimento Sustentável das Comunidades e ainda Desenvolvimento Científico e Tecnológicos”, diferenciou Márcio Nappo.

O Fundo pela Amazônia será criado para impulsionar estes três últimos pilares do programa, atuando também fora da cadeia de valor da pecuária. “Nós vamos aportar R$ 250 milhões nos primeiros cincos anos e, a partir do momento que mais parceiros, os stakeholders, aportarem junto ao fundo, a JBS vai dar a mesma contrapartida. A gente fala que, num primeiro momento, são R$ 500 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão. Então o parceiro investe no fundo, a JBS dá a contrapartida no mesmo valor. […] Elas passam por um comitê técnico com pessoas renomadas, altamente capacitadas, que fazem avaliação das propostas dentro daqueles quatro pilares, vendo a viabilidade técnica, vai para o conselho consultivo, que também dá o sinal verde ou não para seguir com aquela iniciativa”, explanou.

Programa Juntos pela Amazônia – Plataforma Pecuária Transparente faz parte do primeiro de quatro pilares.

Juntos pela Amazônia – Fundo pela Amazônia servirá para impulsionar os demais pilares do programa.

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Confira pelos vídeos a seguir as entrevistas completas de Renato Costa e Márcio Nappo ao Giro do Boi especial desta segunda-feira, 28: