Por onde começar o melhoramento do rebanho? Devo entrar em um programa?

Veja quais são os primeiros passos para um criador que busca evolução do plantel e entenda a diferença entre a seleção e o melhoramento genético

Em participação no Giro do Boi desta segunda, 27, o médico veterinário Rogério Fonseca, doutor em reprodução animal e diretor de pecuária da Agro Nelore Paraná, evidenciou os primeiros passos para os produtores que buscam o melhoramento genético do seu rebanho. O especialista destacou que a escolha da genética, algo que era mais natural em discussões de produtores de soja ou milho durante a escolha da semente, por exemplo, passou a estar cada vez mais presente no dia a dia do pecuarista também, sobretudo nos últimos 15 anos, em que o este mercado foi se desenvolvendo mais mais intensidade.

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Fonseca diferiu a seleção genética e melhoramento. Conforme explicou, a seleção genética é o caminho pelo qual o produtor pode melhorar o seu rebanho. “Nós temos produtores hoje que fazem parte de um programa de seleção, […] mas eles, às vezes, não usam as informações para fazer a seleção e buscar o melhoramento genético. Então não é a mesma coisa, tem fazendas que nem fazem parte de um programa de seleção, mas que fazem melhoramento. Como? Eles não são fazem parte do programa, mas são clientes desta informação”, traduziu.

Segundo frisou o especialista, a informação útil para o melhoramento de qualquer plantel pode ser acessada gratuitamente pelos interessados. “Hoje o melhoramento genético é um cardápio que está disponível para qualquer produtor. Na verdade, se você conversar, seja com os técnicos das centrais, consultores de mercado, você tem acesso a esse tipo de informação de graça. Você não paga nada por isso e você pode escolher os touros melhoradores, independente de qual programa de seleção ou qual programa de melhoramento genético, para você incluir e escolher esses touros ou essa genética, esse sêmen para colocar dentro da sua fazenda. Acho que o mais importante, e que eu gostaria de deixar claro, é que existe como você fazer melhoramento sem você entrar num programa de seleção”, esclareceu.

O especialista indicou que a participação em um programa de seleção deve ocorrer por parte de quem quer comercializar genética ou para identificar e conhecer o potencial verdadeiro de suas matrizes.

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Para os produtores que decidem entrar em um programa, Fonseca disse que para a escolha da melhor opção passa pelo criador saber claramente qual o seu objetivo e quais as condições que a fazenda oferece para buscar, por exemplo, os programas que simulam com mais proximidade de sua realidade os testes dos reprodutores. Variáveis como estar inserido em uma região produtor de grãos, ou mais distante de insumos de nutrição ou ainda desafios diversos de sanidade pesam nesta escolha.

Segundo Fonseca, é importante ainda que os funcionários da fazenda estejam qualificados para a coleta de dados, uma vez que a análise de dados é a base dos programas de seleção. A evolução da gestão da fazenda é um benefício que inclusive vem junto com a adoção de um programa.

“Independente de você, como produtor, fazer parte de um programa de seleção genética ou não, eu acho que ser cliente da informação de todos os programas é algo importante. Essas informações estão disponíveis hoje, elas são públicas. Se você quer aumentar seu peso à desmama e tem os melhores touros com as avaliações genéticas para isso, se você quer melhorar precocidade de suas novilhas, você tem os melhores touros disponíveis. Então ser um usuário, ficar aberto e olhar ao que está disponível já é algo extremamente importante. Está muito claro para mim que os produtores vem se profissionalizando muito e os jovens que vêm entrando na pecuária estão muito atento a isso”, recomendou.

Fonseca celebrou ainda a evolução do mercado de genética em sua participação no Giro do Boi. “A gente pode ver o mercado de venda de genética, por exemplo, o mercado de IATF crescendo muito, crescendo junto da IATF vem a venda de genética. Quando a gente olha as centrais que têm disponibilizado a questão de venda de genética, basicamente os touros bem avaliados representam mais de 85% do mercado. Todo mundo tem se conscientizado de quanto esse ciclo é longo e quanto a gente não pode perder tempo no momento da seleção para escolher os melhores touros. Esse é o ponto mais importante. Para os produtores que já querem se diferenciar vendendo genética também, aí eu acho que escolher o programa de seleção, estudando cada um deles, é extremamente importante. E tudo isso junto para quem vai utilizar traz uma profissionalização interna da fazenda muito bacana porque começa a treinar funcionários e a coletar dados e analisar informação. Eu acho que isso já traz essa gestão para dentro da fazenda de uma forma muito bacana e muito profissional”, finalizou.

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Assista a entrevista de Rogério Fonseca ao Giro do Boi no vídeo a seguir: