Por que o pecuarista de recria e engorda deve estar atento à “torneira do desembolso”?

Na safra 18-19, fazendas de recria e engorda que perderam dinheiro tiveram produtividade superior às top rentáveis, mas perderam o foco na margem de lucro

Os números mostram a fazenda muito mais que os nossos olhos, disse na noite da última segunda, 21, o consultor Antônio Chaker, zootecnista e mestre em produção animal, na abertura do quarto bloco do Giro do Boi especial para o lançamento do Benchmarking 2018-19. A iniciativa é do instituto Inttegra, especializado em assessoria de propriedades rurais a partir de métricas gerenciais, do qual Chaker é diretor fundador.

A razão pela qual Chaker destacou esta frase é que, sobretudo para os produtores de recria e engorda, ser produtivo não garantiu lugar entre as fazendas mais rentáveis que trabalham com estes ciclos. “Quem não tem foco na margem, só foco na produção, não resolve o problema”, reforçou.

Enquanto nas fazendas que tiveram prejuízo o GMD global foi 0,511 kg, as fazendas top rentáveis ficaram muito próximas, com 0,533 kg. Mas na lotação, as fazendas do prejuízo tivera 1,6 UA/ha, enquanto as top rentáveis tiveram 1,3 UA/ha. Já a produção de arrobas por hectare ano foi de 16,6@ para as fazendas que perderam dinheiro e de 14,9@ para as top rentáveis. “Na engorda não é quanto produz, é como produz”, frisou Chaker. “A partir de meio quilo (de GMD), as estratégias têm que ser intensificadas. Nós temos que chegar em 550 g de ganho, mas com muito cuidado porque, passou de meio quilo, se abre uma torneira perigosa, que pode levar embora todo o lucro da atividade de engorda. Essa é a torneira do desembolso”, advertiu.

Enquanto as fazendas top rentáveis de recria e engorda do Benchmarking 2018-19 tiveram desembolso de R$ 58 por cabeça ao mês e produziram uma @ a R$ 88, as fazendas que tiveram prejuízo desembolsaram em média R$ 100 por cabeça ao mês para produzir uma @ a R$ 173.

Já para quem termina animais no confinamento, o foco é no ganho de carcaça líquida, mais do que no ganho de peso vivo. As fazendas confinadoras que ficaram no vermelho tiveram um ganho de peso vivo diário médio de 1,408 para 0,921 kg de carcaça líquida, enquanto os confinamento mais rentáveis tiveram GMD de 1,549 kg para ganho de carcaça líquida de 1,082 kg ao dia, com potencial para chegar a até 1,132 kg. “Quem tem (ganho de) menos de 1 kg de carcaça líquida (por dia) no confinamento, tem prejuízo”, delimitou o consultor.

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Por isso é importante ter o controle dos números a todo momento na propriedade, recomendou Chaker. “Trimestralmente você tem seu balanço de arrobas e seu caixa. Ele é fácil, fácil de fazer, então a gente precisa ter esse foco, essa disciplina porque se no primeiro trimestre da safra já produziu arroba cara, já para tudo e revê a estratégia. Não pode terminar o ano com algumas pessoas ou fazendas produzindo uma arroba a R$ 88 e outra a R$ 170”, disse.

Ao fim do bloco, o pecuarista Jorge Ortega, da Fazenda America, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, uma das propriedades que se destacaram na recria e engorda, listou o quatro pontos essenciais para o seu sucesso: alta qualidade genética, disciplina na execução, números inteligentes e equipe comprometida com o trabalho.

Veja o quarto bloco do Giro do Boi especial de lançamento do Benchmarking 2018-19:

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