Saiba como ajustar o calendário reprodutivo de sua fazenda com a oferta de capim

Doutor em ciência animal e pastagens afirma que a estação de monta deve ocorrer junto ao início do ciclo produtivo das forrageiras

O posicionamento da estação de monta no calendário de manejo da fazenda deve variar conforme a distribuição da oferta de forragens ao longo do ano. Foi o que confirmou ao Giro do Boi desta quarta, dia 13, o engenheiro agrônomo esalqueano, mestre e doutor em ciência animal e pastagem José Renato Silva Gonçalves, administrador da Fazenda Figueira, propriedade da Fealq, a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, localizada em Londrina-PR.

“O erro mais comum é os produtores, pensando em aumento um pouco o peso à desmama, concentrar os nascimentos em um fase que ainda não tem pasto, na fase seca do ano. Quando os nascimentos acontecem na fase seca do ano, esses animais perdem muito em condição corporal, porque não têm nutrientes para eles poderem desempenhar suas funções produtivas. Quando uma vaca perde condição corporal, ela entra em uma fase que a gente chama de balanço energético negativo. […] Esse animal corta algumas etapas fisiológicas do organismo e acaba não produzindo”, revelou Gonçalves.

Entre as etapas que ficam comprometidas por este balanço energético negativo estão a produção de leite e também o desempenho destas vacas na próxima estação de monta. Isto prejudica tanto o desempenho do bezerro que não tem leite o suficiente para se desenvolver, sobretudo nos três primeiros meses de vida, que são críticos, e também a taxa de prenhez da monta seguinte.

“Por outro lado, aqueles produtores que se preocupam bastante com o aporte nutricional das vacas, principalmente nesta fase em que a gente quer que elas produzam leite para desmamar um bom bezerro e entrem em reprodução para garantir mais um bezerro no ano que vem, nós temos resultados bastante positivos dentro da propriedade”, ponderou.

De acordo com José Renato, o ideal é sincronizar o início da estação de monta com o período em que a fazenda observa a ocorrência dos fatores que dão início ao auge do ciclo produtivo das forrageiras. “Quando começa a disponibilidade dos principais fatores de crescimento, que são umidade e temperatura, essa planta forrageira começa a mostrar os seus primeiros perfilhamentos, inicia seu processo produtivo. Nesse momento, apesar de a gente não ter uma quantidade muito grande de pasto, esse pasto tem uma qualidade muito alta”, explicou.

“Os nascimentos têm que acontecer um pouco antes deste ciclo de produção, independente de quando ele se manifeste na minha região. E a reprodução tem que acontecer neste ciclo de produção. Por quê? Eu preciso ter nutriente para dar a esta matriz para que ela possa atingir suas exigências”, complementou.

Confira as explicações detalhadas do doutor em ciência animal e pastagem na entrevista completa disponível no vídeo abaixo: