Três pilares fundamentais para o touro desempenhar bem sua função reprodutiva

Desde a fase de cria, formação de um futuro reprodutor deve ter cuidados especiais; pesquisador da Embrapa explica recomendações

Nesta quarta, 16, o Giro do Boi levou ao ar entrevista com o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Luiz Orcírio Fialho de Oliveira, engenheiro agrônomo, médico veterinário e doutor em ciência animal. Em destaque, a preparação do plantel de touros para cobrir a vacada a campo. O planejamento é impactado por três pilares: desenvolvimento corporal, uma referência ao crescimento do indivíduo; a funcionalidade, que é a capacidade locomotora física e de adaptabilidade; e a saúde, relacionada à longevidade, com cascos saudáveis e aprumos corretos para um bom salto do touro na hora de cobrir as fêmeas.

“Não basta ter qualidade genética, precisa ter capacidade de reproduzir a genética que ele possui”, explicou o pesquisador. Para Oliveira, é possível contemplar todos estes pilares por meio de um plano nutricional para estes reprodutores, que deve começar a ser direcionado desde a cria.

Luiz Orcírio esclareceu que, enquanto bezerro, é importante que o animal tenha curva de crescimento sem descendente, que seja um desenvolvimento contínuo, o que pode ser provido por uma matriz bem nutrida. Após o desmame, é recomendado também que os garrote seja incentivado a exercitar sua capacidade de pastejo, recebendo via suplementação a necessária correção das deficiências das forrageiras tropicais. É fundamental que o animal não enfrente, nesta fase mais jovem, condições que prejudiquem a formação de ossatura e musculatura. A correção dos aprumos do touros é imprescindível para a sua habilidade de ir atrás das vacas no piquete.

No entanto, o criador dos futuros touros deve evitar a superalimentação destes animais para não trazer consequências que podem perdurar por toda sua vida produtiva. Entre estas consequências estão acondicionar os futuros touros a um ambiente que eles não mais encontrarão em outras propriedades quando forem cobrir as vacas a campo em monta natural. Alimentação excessiva também pode levar a problemas na saúde, como acidose ruminal e inflamações, como a laminite, prejudicando o casco, causando manqueiras e atrapalhando a capacidade do reprodutor de perseguir as fêmeas no cio.

Luiz Orcírio ressaltou que, uma vez deslocado a outra fazenda, o jovem reprodutor deve passar por período de adaptação. O novo proprietário deve buscar informações com o criador do tourinho para saber como prepará-lo da melhor maneira para os desafios de sua vida reprodutiva, como o tipo de ração que recebia, a quantidade e, a partir disto, fazer a transição aos poucos para ambientar o animal. A adaptação é essencial por conta de as mudanças afetarem significativamente o metabolismo deste touro, possivelmente por conta de um novo clima, relevo, insolação e variedade forrageira.

Durante sua entrevista, o pesquisador ainda respondeu dúvida de um telespectador sobre a possibilidade de fazer a vermifugação do touro às vésperas da estação de monta. Luiz Orcírio informou que o manejo deve ser feito até 30 dias antes do início dos trabalhos do tourinho para que o possível estresse não influencie em seu desempenho.

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Confira no vídeo abaixo a entrevista completa com Luiz Orcírio Fialho de Oliveira: