Uso do sombrite no confinamento pode aumentar ganho de peso em até meia arroba

Efeitos do sombreamento serão testados junto a outras inovações em larga escala no confinamento experimental da Agropastoril Paschoal Campanelli

O Giro do Boi desta sexta, 29, apresentou um projeto inovador conduzido pela Agropastoril Paschoal Campanelli, empresa com propriedades na região de Barretos, estado de São Paulo, em parceria com a Empaer, Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural. Trata-se de um confinamento experimental, uma área dentro de uma propriedade do grupo Campanelli destinada à condução de estudos pela instituição de pesquisa sobre novas tecnologias que melhorem a terminação intensiva na pecuária de corte.

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A estrutura tem capacidade para acomodar quase dois mil animais distribuídos em 32 baias com tamanho maior do que o tradicionalmente encontrado no Brasil, um modelo conhecido nos EUA como large-pen trial, uma espécie de confinamento em baias grandes, que serve a um propósito específico: gerar conhecimento. “Às vezes uma coisa que acontece dentro de um confinamento experimental, uma área experimental dentro uma universidade feito com um universo pequeno de bois, na hora que você replica isso em escala comercial, o resultado diverge bastante. Nos Estados Unidos hoje está muito comum um sistema de confinamento experimental como o nosso, que são currais grandes, então você tem um número grande de indivíduos por tratamento e consegue reduzir o erro, que nem em uma pesquisa, quanto maior o número de indivíduos entrevistados, menor é o erro estatístico. É essa a lógica do nosso investimento. Obviamente é um negócio muito difícil de caber dentro de uma universidade pela vultuosidade do investimento”, apresentou o diretor executivo da Agropastoril Paschoal Campanelli, Victor Campanelli.

Uma das inovações que serão estudadas pelos pesquisadores são os benefícios do sombreamento nas baias. “A gente buscou um modelo muito utilizado tanto no México como na Austrália, que são essas sombras vazadas de telha de galvalume, que a gente pensa que pode ser uma ótima opção, depois de validada, é claro, com os resultados aqui do experimento, nos confinamentos comerciais do Brasil. […] Tem uma colega de trabalho, a professora Fernanda Macitelli, ela é pioneira nesta parte de sombras no Brasil. Na região que eu trabalho, o Mato Grosso, ela conseguiu meio arroba a mais por animal só com o fator da sombra, isto sem colocar um grama a mais de ração“, quantificou Rodrigo Dias Pacheco, zootecnista e pesquisador da Empaer.

Além desta, outras tecnologias serão usadas nos testes para determinar que novidades poderão ser replicadas em larga escala em outros confinamentos do país. “No final de cada baia a gente optou por utilizar uma tecnologia que é o monitoramento eletrônico de ingestão de alimento e de ingestão de água. No total a gente vai usar estes experimentos em 1.700 animais, 1.600 nestes sistema de large-pen trial e 96 animais no sistema Intergado, que é um sistema em que a gente monitora em tempo real o consumo dos animais tanto de água quanto de alimentos”, apresentou Pacheco.

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“Na época das águas, que é a época mais quente do nosso país, os animais sentem bastante. O desempenho desses animais cai, o consumo cai. Então tendo esta área de sombra, a gente quer analisar se realmente houve a melhora (do desempenho) desses animais”, estabeleceu a zootecnista e analista de dados do confinamento da agropastoril, Valquíria Alencar Beserra.

“Eu acho que o grande ponto forte deste confinamento experimental é o poder estatístico dele. Com o rigor que a gente vai imprimir nos experimentos a gente acredita que muitos dos resultados que vão para a tendência estatística, como a gente chama, que não conseguem ser provados em uma instalação menor, a gente acredita que com esse número de cabeças e repetições que teremos aqui a gente consiga ter uma sensibilidade muito maior para gerar uma informação bem mais precisa”, animou-se o zootecnista.

“A gente está fazendo o maior confinamento experimental de que se tem notícia para gerar dados, para a gente direcionar o nosso negócio de pecuária. E é quase uma poesia, mas é para a gente deixar uma contribuição para a pecuária brasileira, que a gente ajude a gerar dados, informação, aprender e ensinar outros pecuaristas a tornar a atividade mais eficiente”, concluiu Victor Campanelli.

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