Cigarrinhas, cupins, lagartas... como combater as principais pragas das pastagens?

Quem nunca teve praga na fazenda? “Truco, peão!”, brincou o consultor Wagner Pires; veja dicas de como e quando combater estes inimigos da produtividade

“Quem nunca teve lagarta na fazenda? Formiga? Cupim? Truco, peão!”, brincou o engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires em mais uma edição do quadro Pastagem de A a Z. “Vamos conversar agora a respeita de como evitar e como controlar as pragas que aparecem na nossa fazenda”, convidou o especialista.

Pires começou falando sobre o as cigarrinhas das pastagens. “Nós temos uma família enorme de cigarrinhas”, lembrou. No Sudeste, por exemplo, uma das principais era a Deois flavopicta, pequena e rajada de amarelo, que ataca sobretudo a Brachiaria decumbens. “Quando começa a época da chuva, os ovos de cigarrinha começam a eclodir, começam a nascer, e aí surge aquela espuminha no pé da planta. Aí é a hora de você controlar. Deu cigarrinha, já avisa o patrão porque nós temos que controlar enquanto tá na fase jovem, na fase de ninfa, quando não tem alta infestação”, alertou Pires.

O agrônomo advertiu que, no entanto, o pecuarista deixa para controlar a cigarrinha quando o pasto já amarelou todo. “Já estragou, aí não tem circulação de seiva”, explicou. Isso impossibilita combater a cigarrinha porque o produto usado para este fim é passado à praga justamente quando a cigarrinha suga a seiva do capim. “Normalmente nós usamos tem um efeito residual de 60 dias, podendo chegar a até mais do que isso, mas desde que o produto entre dentro da planta e seja transportado por toda ela, até lá embaixo, aí a cigarrinha vai sugar a seiva da planta […] e vai morrer”, resumiu o especialista.

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Wagner avisou ainda sobre os perigos da monocultura de pastagens. Quando surgiu o problema das cigarrinhas, a Embrapa desenvolveu uma cultivar, a Brachiaria brizantha cv Marandu, mais resistente à praga, mas seu uso em excesso fez com que outras pragas começassem a atacá-la, como a Mahanarva, que atacava anteriormente lavouras de cana-de-açúcar no Sudeste e passou a “nadar de braçada” nas pastagens de todo o país. “Chegamos a ter 70 a 78% das pastagens do Brasil com Marandu. Esse é um crime!”, exclamou o agrônomo.

Já o cupim, para o agrônomo, é sinônimo de relaxo do produtor. O controle desta praga é relativamente fácil e barato. O produtor deve primeiro quebrar todos cupinzeiros no pasto e esperar o começo da formação de um novo abrigo dos insetos, o que acontece por volta de até 15 dias depois. Esta etapa é importante para poupar tempo e recursos do produtor, pois muitos dos cupinzeiros em uma área totalmente infestada já estão vazios. Como quebrar um por um para verificar, ou aplicar cupinicida em todos, é trabalhoso demais, recomenda-se quebrar todos eles com um trator com lâmina baixa e esperar para ver quais das colônias estão ativas e começam a se formar novamente.

Neste momento, verificadas as novas colônias, deve-se quebrar o cupinzeiro recém-formado e aplicar um cupinicida à base de fipronil. Pires disse que o defensivo vem com um dosador, para calibrar para 5 gramas do produto a serem despejados em meio ao cupinzeiro quebrado. Os insetos vão lamber o produto, depois lamber os outros insetos e assim eles vão ser eliminados. O ponto de atenção é que o produto deve ser coberto depois de aplicado, pois ele não deve entrar em contato com o sol, então os torrões de quebrados do cupinzeiro podem servir para cobrir o granulado.

Quando a aplicação é feita com cupinicida líquido, não há necessidade de cobrir o produto. Esta é uma das maneiras de eliminar o cupim de solo, pulverizando com uma bomba costal o defensivo diluído em água em cima da área onde está instalada a colônia.

Pires falou também sobre o controle de lagartas, que atacam o pasto quando começa o período das chuvas. O maior problema do controle da lagarta é que, como são cinco fases de desenvolvimento, quanto maior, mais ela come e mais difícil é sua eliminação. Por isso é recomendável que o pecuarista tome a decisão para combatê-la quando ela é jovem. “É muito fácil, pode fazer pulverização, ela morre fácil”, simplificou.

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Pires parou ainda sobre novas espécies de pragas que estão atacando as pastagens, como os percevejos castanho e blissus, e a pulga saltona, que está se espalhando pela Região Norte. “Pecuarista, se prepare porque nós vamos cada vez mais ter mais pragas atacando pastagens. Sabe por quê? Porque hoje estamos tendo integração com agricultura e tem pragas que vêm da agricultura”, estimou Pires.

Veja as recomendações completas no quadro Pastagem de A a Z: