Como preparar o Panicum para resistir ao frio do RS? Devo escolher outra gramínea?

Pecuarista de Itaqui, no sul do Rio Grande do Sul, fronteira com a Argentina, quer saber se é viável formar piquetes de Panicum; especialista cita cuidados especiais

O criador Henrique Vercelhese, de Itaqui, no extremo-sul do Rio Grande do Sul e já na fronteira com a Argentina, quer saber se é viável cultivar pastos de Panicum na região. Para atender o produtor, o Giro do Boi desta terça, 15, ouviu o engenheiro agrônomo pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, autor do livro “Pastagem Sustentável de A a Z.

“Os Panicuns, como Paredão, MG12, o Zuri e outros Panicuns, são gramíneas projetadas para regiões tropicais e subtropicais. De preferência, tropicais. Mas isso não quer dizer que estas gramíneas não apresentem um bom desenvolvimento, uma boa produção também em regiões subtropicais, como o nosso Rio Grande do Sul. Elas foram, inclusive, testadas em regiões andinas, regiões de alta altitude, acima de 2.000 metros e elas aguentam este estresse de temperatura”, avaliou Pires.

O ponto de atenção, segundo o especialista, são as geadas, que prejudicam a estrutura da planta. “Pior do que as baixas temperaturas são as geadas que ocorrem. As geadas arrebentam com os vasos da planta, literalmente, queimam a folha e isto causa um prejuízo muito grande na fisiologia da planta, na vida da planta. Se ela não estiver preparada, ela morre”, alertou.

Para evitar a morte do Panicum, Wagner indicou um cuidado especial antes da estação de temperaturas mais baixas na região. “O que eu sugeriria ao amigo? O senhor deve, antes do início da época do inverno, de baixas temperaturas, preparar a sua planta, fazendo uma pulverização nas suas pastagens, com produtos que irão aumentar a saúde delas, ou seja, irão aumentar a capacidade da planta de enraizamento e irão fazer com que a planta armazene mais nutrientes de reserva nos seus tecidos e se prepare. E também fique com menos quantidade de folhas e de talo. A geada acontecendo, a planta irá passar pelo estresse, mas ela vai ter estrutura nutricional para reagir, emitir novos perfilhos e ter uma rápida rebrota. Procure não deixar o capim muito enfolhado nesta época de geada. Aí eu acredito que a saída do estresse será melhor”, aconselhou.

O agrônomo ainda apresentou outras gramíneas alternativas, embora tenha reforçado que é possível manejar pastos de Panicum na região. “Nós temos gramíneas que são mais tolerantes ao frio do que o próprio Panicum. Por exemplo, nós temos um híbrido, que é o capim Mulato II. Ele conseguiu sobreviver a geadas bastante pesadas no Paraná e em Santa Catarina e apresentar rebrota. Mas os Panicuns também têm esta característica. Pode aguentar – basta o senhor prepará-los para atravessar este momento difícil”, frisou.

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Confira a resposta completa no vídeo a seguir:

Foto ilustrativa: BRS Zuri / Carlos Maurício Soares de Andrade – Reprodução Embrapa