Números convencem pecuarista de que sustentabilidade é bom negócio

Projetos de capacitação em gestão e comparação de resultados colocam fazendas de pecuária de corte dentro do trilho da preservação com lucratividade

Além de oferecer um bom painel de instrumentos para o pecuarista tomar as melhores decisões para as atividade dentro da porteira, os números também estão convencendo os produtores de que produzir de forma sustentável faz bem para o caixa da fazenda. Nesta quinta-feira, dia 15, em entrevista ao Giro do Boi o zootecnista Fábio Dias, diretor de área de relacionamento com pecuaristas do Friboi, falou sobre o assunto.

Na companhia, diversas ações entendem a capacitação em gestão e a comparação de resultados entre fazendas como um fator catalisador para o aumento não só da produtividade e da lucratividade, como também da sustentabilidade. Um dos exemplos é o Rebanho Araguaia, uma iniciativa dentro de Liga do Araguaia que contribui para a evolução das propriedades do Vale do Araguaia mato-grossense que são integrantes do projeto.

Veja o formato do programa Rebanho Araguaia:

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“O Rebanho Araguaia, que a gente desenvolve em parceria com a Liga do Araguaia, é um projeto bem interessante em que a gente está apoiando 12 fazendas Ele é um projeto de intensificação da pecuária para justamente medir o que essa intensificação traz em termos de sustentabilidade. É lógico que se o pecuarista produz mais por área, ele tem muito menos pressão para abrir uma nova área e pode até manter uma reserva excedente porque ele está produzindo mais por área. Segundo que, ao produzir de forma mais intensa, pode reduzir as emissões, que é o que o Carbono Araguaia provou. Então esse arranjo produtivo, intensificar com o olho na sustentabilidade, é o que a gente quer ver nessas fazendas. Nós estamos documentando tudo, todos elas participam de um conjunto de métricas muito claras junto com o instituto Inttegra. A gente tem a parte toda de sustentabilidade com o Imaflora, é um negócio muito bem feito e eu acho que a gente vai ter resultados muito interessantes. É um projeto para três anos, a gente está cumprindo o primeiro ano, então ele ainda vai longe”, contextualizou Fábio Dias.

Outra iniciativa semelhante da companhia, está válida para fazendas parceiras em todo o País, é o Fazenda Nota 10, um programa que promove a capacitação de gestores da pecuária – financeira, zootécnica e de recursos humanos – e compara todos os números com os levantados por propriedades em situação semelhante.

“No nosso diagnóstico quando a gente começou (o Fazenda Nota 10) há 5 anos, no Friboi, nós percebemos que era uma deficiência comum a todas as fazendas de não enxergarem seus números, não entenderam o seu negócio. A gestão de uma empresa familiar às vezes é feita como um orçamento da nossa casa, da família. E aquilo não tem muito detalhe, mas a fazenda é um negócio. Então a gente percebia que a coisa mais importante era desenvolver a capacidade de gestão dos produtores para eles mesmos identificarem, por exemplo, o valor de uma prática sustentável, o valor da intensificação das pastagens. Como se convence o produtor que é mais importante usar determinada tecnologia ou outra? Com gestão! Porque ele mesmo se convence. Ao ter gestão, ele passa a enxergar os números e entender”, justificou o zootecnista.

Dias enalteceu o papel importante não só da capacitação em gestão, mas da comparação entre fazendas dentro da iniciativa, uma solução oferecida pela plataforma de benchmarking do Inttegra. “Nesse projeto Fazenda Nota 10, que teve início há quatro anos com o nome Conexão Gestão, que começou com dez, depois trinta, quarenta fazendas e agora já temos para a próxima safra 280 fazendas confirmadas, o pecuarista tem a comparação dos resultados, que você ensina as pessoas a medirem, padroniza os números, que é outra coisa fundamental. E aí você compara. Esse é outra coisa que aprendi com o Antonio Chaker: tem um jeito bom pra ensinar as pessoas: você tem que mostrar exemplos. É por comparação”, completou Dias.

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“O mais importante do benchmarking é você comparar seus números. Como que você vai saber se você está pagando corretamente o seu capataz, se você tem um índice de desmama razoável para o tipo de propriedade que você está, se você produz uma quantidade boa de arrobas por hectare a cada ano, se você não tem com quem comparar? […] Acho que o principal ponto do Fazenda Nota 10 é esse”, opinou.

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MERCADO PARA A SUSTENTABILIDADE

Ao usar os indicadores para colocar a fazenda no caminho da sustentabilidade, a propriedade aumenta sua produtividade e também garante mercado consumidor para a proteína que oferece à sociedade. É um movimento que as companhias ao redor do mundo estão buscando cada vez mais para atender a exigência de um consumidor de carne cada vez mais preocupado com o meio ambiente e os impactos sociais e econômicos da atividade. A própria JBS anunciou recentemente, por exemplo, adesão à iniciativa Net Zero, reforçando que pretende zerar suas emissões de carbono até 2040. Para tanto, vai precisar da ajuda de seus fornecedores.

“Ela não está fazendo um compromisso só com bovina. A gente tem que informar que é de toda a companhia e o compromisso é global, envolvendo suínos, aves e bovinos. […(Zerar as emissões até) 2040 é um belo desafio, nós temos 19 anos para fazer essa conversão. A segunda coisa que é a mais desafiadora é incluir nesse Net Zero a conta das emissões dos animais do nosso fornecedor, […] isso é bastante desafiador. A gente sabe que é possível, não é um devaneio, porque tem projetos, como o que a gente acabou de mostrar, como o da Liga do Araguaia, em que houve redução de até 120% (veja no link a seguir). […] A gente sabe que existem modelos de exploração pecuária que tem muito baixa emissão ou até são sequestradores”, lembrou.

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Confira a entrevista completa com Fábio Dias pelo vídeo a seguir