Por que plantas daninhas no pasto podem ser apenas a “ponta do iceberg”?

Com raízes profundas, plantas podem ser representar concorrência mais forte do que estima o pecuarista; veja dicas de levantamento de área para aplicação de herbicida

Em participação no Giro do Boi desta sexta, 31, o engenheiro agrônomo Felipe do Couto, gerente comercial da Corteva Agriscience para os estados do PA e MA, destacou a importância do levantamento de área para o controle de plantas daninhas dentro das porteiras.

A pergunta sobre como realizar o levantamento foi feita pelo telespectador Flávio Araújo, de Tucumã-PA.

O agrônomo ilustrou sua resposta ao dizer como uma das principais plantas daninhas da região, conhecida como chumbinho, afeta a produtividade das pastagens. Segundo Couto, o que o pecuarista observa no solo é apenas a ponta do iceberg, ou seja, a concorrência das ervas vai muito além do que o produtor enxerga porque as raízes das invasoras podem ser muito profundas e competir com muito mais força pelos nutrientes do que o capim.

“São 30, 40, 50 cm no máximo (de parte visível da planta daninha). Porém quando a gente faz um trabalho mais minucioso de identificação, em que você faz o arranquio dela do solo, você vê como o sistema radicular estava bem feito, bem enraizado. Então isto é um grande problema porque no visual, de longe, acredita-se que é uma planta de fácil controle, porque ela é pequena, é uma planta nova, porém não é o que se constata quando a gente arranca ela do solo e vê o tamanho da estrutura radicular”, alertou.

Pela agressividade das plantas daninhas, Couto ressaltou que o levantamento de área se torna cada vez mais necessário. “Então essa é a grande importância de fazermos um levantamento muito bem feito. […] Ela tem só uma rama pequena, mas as raízes são extremamente agressivas”, frisou.

4 fatores que levam à degradação de pasto e como fazer o diagnóstico

O especialista listou os passos para fazer um bom levantamento ou diagnóstico da área. “Em relação ao levantamento, sim, ele é muito importante para que a gente possa identificar as plantas e determinar qual vai ser a forma de aplicação, qual vai ser o controle esperado. Será que há alguma presença de inseto na área ou não? Para a gente fazer um levantamento bem feito, tem algumas etapas que devem ser cumpridas e a primeira delas eu entendo que seja verificação se há ou não a presença de forragem de interesse na região. Eu deixo um número de referência: são 60% (de população forrageira) porque uma vez que nós controlarmos a planta invasora, a gente precisa que o capim recupere aquela área, então não adianta a gente controlar a invasora se não tiver o capim pra poder recuperar. Depois disto, nós precisamos identificar se há ou não a presença de insetos no capim. Os insetos, muitos não sabem, mas podem comprometer tanto o resultado do herbicida quanto comprometer a saúde do capim, presença de cigarrinha é um exemplo e a lagarta também compromete. Precisa observar se a área está encharcada na hora da aplicação ou se ela tem risco de ficar encharcada dias após a aplicação, isto também interfere diretamente no resultado do trabalho. Outros pontos são a topografia, a direção do vento, tudo isto para que a gente evite que haja uma deriva caso tenha uma cultura sensível próxima”, detalhou Felipe do Couto.

12 etapas para você se tornar um craque do manejo de pastagens

Na região de Tucumã-PA, o agrônomo afirmou que há presença de muitas lavouras de cacau, por exemplo, que podem ser impactadas pelo defensivo caso haja deriva do produto.

O especialista ainda falou sobre a importância do levantamento de área para entender qual a melhor forma de aplicação, seja manual, tratorizada ou aérea, e buscar a previsão do tempo para saber se há risco de aplicar e sofre com pequena estiagem nos dias seguintes, o que prejudicaria o efeito do herbicida.

Tempo, temperatura, velocidade do vento e umidade são ainda fatores que podem prejudicar o manejo de limpeza das pastagens, daí também a importância da realização do levantamento de área para que haja sucesso na retomada da produtividade das pastagens, completou Felipe do Couto.

Veja as explicações completas do agrônomo no vídeo abaixo: